São muitos os que procuram os cemitérios da cidade para um olhar diferente sobre a cultura, a arquitetura e as histórias que ali se contam. Como a do jazigo que imortaliza o amor de um cão pelo seu dono, ou o de um casal de amantes cuja capela guarda apenas um deles. O mais concorrido é, no entanto, o jazigo onde repousa Camilo Castelo Branco – a poucos metros do marido de Ana Plácido.
Um gato preto mia entre as campas do Cemitério da Lapa. Está fresco nesta manhã em que o outono acabou de se anunciar com chuva. O pequeno cemitério, encaixado entre a igreja e a cidade, está de portas abertas e muitos entram, ainda que ali não tenham entes queridos sepultados. O interesse pelo turismo cemiterial é crescente. E não falta o que saber nestas visitas, mais ou menos organizadas.
“Isto é um museu da morte, mas está feito para os vivos”, diz o historiador Francisco Ribeiro da Silva. É com ele que visitamos o mais antigo cemitério privado português. “O cemitério passou a ser uma forma de opulência dos mortos, mas sobretudo dos vivos. Ainda hoje é assim”. A poucos metros, Anna e Igor, dois amigos de 23 e 30 anos, começam o dia de passeio pela cidade. “Para mim os cemitérios são uma boa representação da cultura, do país para onde viajas”, diz a jovem russa, estudante de arte. “Por vezes é o sítio mais bonito da cidade” diz Igor. Passeiam sem guia, detendo-se em alguns locais, fotografando com o telemóvel.
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