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Viana do Castelo: os festivais que nasceram “nas terras onde nada há”

Viana do Castelo: os festivais que nasceram “nas terras onde nada há”
Rita Carmo

Dois dos principais festivais de música portugueses contrariaram o fatalismo da geografia e da interioridade e brotaram de “sítios inesperados”. Vilar de Mouros e Paredes de Coura são “sonhos que cresceram devagar” e ajudaram a colocar as terras minhotas no mapa

Viana do Castelo: os festivais que nasceram “nas terras onde nada há”

Mara Tribuna

Jornalista

Foi numa pequena aldeia minhota em Viana do Castelo chamada Vilar de Mouros que nasceu o mais antigo festival português. Estamos na década de 60, ainda antes da Revolução dos Cravos, e o médico António Barge — “uma pessoa muito respeitada na aldeia” — é desafiado a organizar as típicas festividades da terra. António Barge era natural de outra freguesia de Caminha e morava em Lisboa, mas “era casado com uma senhora de Vilar de Mouros e tinha casa lá”, contextualiza Fernando Zamith, autor do livro “Vilar de Mouros – 35 Anos de Festivais”.

“Ele era um grande apaixonado por música e tentou, aos poucos, introduzir essa vertente nas festas da aldeia”. Pela primeira vez, em 1965, usou a designação “festival de Vilar de Mouros” — e para efeitos oficiais “esta foi a primeira edição de todas”. Mas nos primeiros anos a festividade era muito à base de folclore e pouco mais. António Barge “percebeu que tinha de dar o salto e fazer uma coisa em grande” e foi isso que aconteceu no festival de 71, ano em que atuou Elton John. Devido ao impacto nacional e internacional que teve, esta edição é considerada por muitos a primeira.

É impossível contar a história do Vilar de Mouros sem falar de todos os seus hiatos e interregnos ao longo das últimas seis décadas. “O festival teve muitos solavancos”, desde problemas na organização, a incompatibilidades com a Câmara Municipal, a falta de financiamento e prejuízos muito elevados. “Tivemos de tudo um pouco”, resume Carlos Alves, presidente da Junta de Freguesia de Vilar de Mouros desde 1989 e festivaleiro assíduo: não falhou uma única edição. “Vilar de Mouros é o pai de todos os festivais. Aliás, foi à conta dele que nasceu o Paredes de Coura e por aí fora”, considera.

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