“Sejam bem-vindos à casa do meu avô”. Quem convida o Expresso a entrar é Eduardo Milhões Pinheiro, neto de Teresa de Jesus e do pequeno gigante Aníbal Augusto Milhais, o improvável herói português da Primeira Guerra Mundial, mais conhecido como Soldado Milhões pela bravura demonstrada na Batalha de La Lys, em 9 de julho de 1918, quando desobedeceu a uma ordem de retirada. Ficou sozinho na trincheira com a sua metralhadora a suster o avanço das tropas alemãs. Assim nasceu a lenda que agora é homenageada na casa onde passou a maior parte da sua vida, ressurgida das ruínas e reconvertida no Núcleo Museológico Soldado Milhões, localizado na freguesia de Valongo, no concelho de Murça.
“Este museu tem uma vertente mais dedicada ao lado pessoal do Aníbal Milhais e outra mais focada no Soldado Milhões. Desejamos que tenha uma função educacional e de memória”, explica Eduardo Milhões Pinheiro, para quem o renovado espaço pode servir para “relembrar a todos que, em determinada altura da história, milhares de jovens – sem saberem ler ou escrever, sem saberem para onde iam e por que motivo tinham de ir – foram levados para uma guerra”, onde 55 mil portugueses combateram na Flandres, mobilizados para engrossar as fileiras do Corpo Expedicionário Português (CEP). Eram carne para canhão. De Murça, foram recrutados 127. Milhais, moço franzino com pouco mais de um metro e meio de altura, era um deles: “alguém que tinha tudo para acabar mal”, mas que, como diz o neto, “tinha qualidade bastante concentrada numa embalagem pequena”.
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