Economia

José Paulo Fafe agarra-se à administração da Global Media: “Não saio aos empurrões”

José Paulo Fafe Presidente da Comissão Executiva da Global Media na audição da Comissão da Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto por consequência da crise na Global Media, em Lisboa.
José Paulo Fafe Presidente da Comissão Executiva da Global Media na audição da Comissão da Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto por consequência da crise na Global Media, em Lisboa.
TIAGO MIRANDA

Isolado na administração do grupo que detém o “Jornal de Notícias”, o “Diário de Notícias”, a TSF e “O Jogo”, o gestor acusa o acionista José Pedro Soeiro de “plantar notícias” e de se recusar a financiar a Global Media

José Paulo Fafe agarra-se à administração da Global Media: “Não saio aos empurrões”

Pedro Lima

Editor-adjunto de Economia

José Paulo Fafe recusa sair da administração da Global Media. Questionado pelo Expresso se irá apresentar um pedido de demissão, na sequência das demissões conhecidas esta quinta-feira à noite de dois elementos da comissão executiva, o presidente executivo do grupo remeteu uma resposta para a assessoria de comunicação do grupo, que indicou que “não há comentários”.

Acabaria no entanto por enviar uma tomada de posição à notícia divulgada pelo jornal Eco segundo a qual os acionistas minoritários da Global, entre os quais o presidente do conselho de administração, Marco Galinha, tencionam destituí-lo em assembleia geral. Citou “uma frase do saudoso Dr. Francisco Salgado Zenha que, em 1975, respondeu aos inimigos da liberdade que o queriam calar: “Eu não saio aos empurrões””.

A reação à notícia do Eco resume-se praticamente a um ataque a um dos acionistas minoritários, José Pedro Soeiro: “Sem dar a cara, aliás como é habitual, vai 'plantando' notícias por aqui e acolá, sempre a coberto de um 'off' que ele pensa protegê-lo das bastas responsabilidades que possui na situação que a atual gestão herdou” no grupo. Fafe acusa-o de recusar "contribuir para a solução da grave situação em que vive o grupo, “ora recusando financiá-lo, ora furtando-se a pronunciar-se sobre uma proposta que resolveria de imediato toda esta situação”.

Essa proposta, explicou ao Eco, passava pela compra pelo World Opportunity Fund, que controla o grupo, de alguns ativos como o Diário de Notícias, a TSF e o Açoriano Oriental.

Na quinta-feira os administradores executivos Paulo Lima Carvalho, que tinha o pelouro dos recursos humanos, e Filipe Nascimento, que tinha o pelouro financeiro, apresentaram a demissão alegando o incumprimento das condições que tinham estado na base da aceitação dos convites para integrarem a administração da Global Media. A administração da empresa ficou assim com apenas quatro membros – já tinham entretanto saído mais três administradores, o executivo Diogo Agostinho e os não executivos Carlos Beja e Victor Menezes. Além do próprio Fafe, mantêm-se Marco Galinha e os não executivos António Mendes Ferreira e Kevin Ho.

Os acionistas minoritários esperavam que Fafe saísse pelo seu próprio pé mas admitem, se tal não acontecer, avançar para a destituição na assembleia geral que anunciaram que vão convocar para resolver os problemas do grupo. José Paulo Fafe foi nomeado para a administração da Global Media em setembro em representação do World Opportunity Fund, que tomou então a maioria do capital. O mesmo fundo que lhe terá prometido na semana passada que iria proceder a uma transferência para pagar os salários de dezembro que estão em atraso para alguns trabalhadores e que entretanto viria, segundo Fafe, a mostrar indisponibilidade para transferir esse dinheiro - enquanto não for anunciada a decisão da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) relativa ao procedimento administrativo aberto contra o fundo e enquanto não for retirado o procedimento cautelar de arresto avançado por Marco Galinha.

O procedimento cautelar de arresto não foi retirado e a decisão da ERC será conhecida na próxima semana, quando termina o prazo de 10 dias para o WOF apresentar a informação que está em falta. Se essa informação não chegar ou voltar a ser insuficiente, a ERC determinará a suspensão dos direitos de voto e patrimoniais do fundo e por essa via a administração acabará por cair e os acionistas minoritários passarão a gerir a empresa.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: PLima@expresso.impresa.pt

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