Economia

Gestão da Dielmar é "muito pouco clara". "Empresa não tem salvação"

Gestão da Dielmar é "muito pouco clara". "Empresa não tem salvação"
Nuno Fox

Ministro Siza Vieira diz que não vale por dinheiro fresco numa situação que não tem salvação. Há, contudo, que arranjar soluções para viabilizar as partes da empresa que “têm solução” e salvaguardar situação dos 300 trabalhadores

O Estado segurou a Dielmar através de sucessivos investimentos, e tentou encontrar soluções para viabilizar a empresa. Porém, o elevado endividamento e gestão “muito pouco clara” da equipa Ana Paula Rafael inviabilizaram a companhia têxtil. As afirmações são de Pedro Siza Vieira, ministro Adjunto e da Economia, esta segunda-feira à noite à RTP3, no regresso de uma visita à Madeira para a assinatura de acordos de participação da Região no Banco de Fomento.

Segundo o governante, “não vale a pena pôr dinheiro fresco em cima de uma empresa que não tem salvação”, disse Siza Vieira, realçando que a empresa está a ser acompanhada pelos governos “há mais de uma década”, acumulando mais de 8 milhões de euros em dinheiros públicos investidos na empresa. Contudo, diz que é necessário arranjar soluções com os credores para os ativos disponíveis e para assegurar o emprego aos 300 trabalhadores da empresa de Castelo Branco.

O ministro antecipa que o processo de insolvência poderá ser uma forma de, de outra maneira, viabilizar parte das operações da Dielmar: “Os trabalhadores da Dielmar têm uma experiência acumulada muito significativa, existe hoje em dia escassez de mão de obra no setor têxtil e de vestuário e estamos seguros de que, trabalhando com credores, vamos encontrar uma solução que salvaguarde aquilo que tem solução na empresa, que são os trabalhadores e que assegure que estes possam estar ao serviço da nossa economia”, disse.

“O Estado ao longo dos anos foi assegurando a capitalização da empresa, primeiro entrando no capital com 30%. Depois, em 2017, aquando de uma reestruturação financeira que a empresa passou, o Estado ainda adquiriu imóveis por 2,5 milhões de euros. O Estado garante ainda uma parte muito substancial da dívida da Dielmar, mais de 3,2 milhões de euros de dívida são garantidos pelo Estado”, detalhou.

“Acordámos sucessivamente com a administração da empresa a possibilidade de serem alienados determinados ativos ou de ser assegurada uma gestão mais profissional para a empresa. Isso não foi possível, empenhamo-nos também em encontrar investidores para entrar no capital da empresa, mas dado o elevado endividamento da dita não foi possível encontrar interessados”, segundo o ministro.

A Dielmar apresentou um pedido de insolvência na passada sexta-feira, depois de ter sucumbido à capacidade de pagamento das dívidas à banca, mas não é caso único no setor têxtil. No último ano já fecharam ou entraram em reestruturação empresas como a Azincon ou o grupo MoreTextile. Lá por fora, o setor também se reestrutura para fazer face à crise, com a Inditex, dona da Zara e da Massimo Dutti a anunciar o fecho de 27 empresas no mundo.

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