Uma em cada quatro pessoas toma antibióticos sem seguir indicações de prescrição
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Um quarto dos inquiridos num estudo nacional sobre o uso de antibióticos não segue as indicações de prescrição e mais de sete em cada dez não conseguem identificar o que tomaram.
De acordo com o estudo do Grupo de Investigação e Desenvolvimento em Infeção e Sépsis (GIS-ID), apesar de ter melhorado o número dos confessaram não seguir a prescrição este ainda "é um fator de preocupação" por aumentar o “nível de falência dos tratamentos”.
João Gonçalves Pereira, presidente do GIS-ID, relembra que, "quando se começa o tratamento, os sintomas diminuem, mas sem resolver infeção" e, se o tratamento é interrompido, "isso facilita a recidiva da infeção" e aí pode haver maiores complicações, "porque pode parecer sobre a forma de abcesso, implicando tratamento com medicação, mas também cirúrgico".
Sublinha igualmente que, "mais importante do que a pessoa interromper precocemente é o problema de não cumprir o horário. Isto provoca uma exposição em concentrações subterapêuticas, o que facilita (...) o aparecimento de baterias, no limite, com resistências".
Há medidas que podem ajudar a diminuir o problema, como usar antibióticos de dose única diária ou tentar "juntar o medicamento ao almoço, ao jantar ou ao deitar, para que as pessoas não esqueçam". Porque "nenhum doente deixa de tomar por maldade. É por distração, por esquecimento", considera.
O estudo - semelhante ao realizado em 2020 - mostra que aumentou o valor (80%) dos que apenas tomam antibióticos quando prescritos pelo médico (era 66% em 2020).
"Parece haver maior adesão ao conselho médico, mas há uma grande desresponsabilização das pessoas pela sua própria saúde", sublinha o presidente do GIS-ID.
O estudo mostra ainda que 77% não consegue identificar o antibiótico que toma e nem sempre quem diz saber o identifica corretamente.
Dados-chave
- 52% referem que a duração do tratamento é a informação mais importante ao ser-lhe prescrito um antibiótico (vs. 37% em 2020)
- 42% sabem que os antibióticos são dirigidos a tratar infeções causadas por bactérias (vs. 36% em 2020)
- 30% nunca ouviram falar sobre resistência aos antimicrobianos (vs. 34% em 2020). São sobretudo as mulheres quem reconhece a importância do problema (55%).
- Mais de metade (54%) sabe que o consumo de antibióticos está ligado ao aparecimento da resistência aos antimicrobianos. Quem menos referiu ter conhecimento foi a faixa etária dos mais jovens, com menos de 25 anos
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TEXTO: LUSA
FOTOGRAFIAS: PEXELS / UNSPLASH
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