"As raparigas comparam-se nas redes sociais e a ansiedade delas dispara. Os rapazes ficam cada vez mais solitários, porque só jogam videojogos"
SAÚDE MENTAL
Na Web Summit 2024, Mary Gordon falou sobre a “perda de empatia” nos jovens universitários. A oradora e autora do livro ‘Roots of Empathy’ aponta o dedo à introdução prematura das redes sociais na vida dos mais novos.
“O que se está a passar com a tecnologia é incrível”, afirma, mas está a reduzir a nossa humanidade. Defende que as crianças devem cultivar aprendizagens sociais numa fase inicial do crescimento, e depois acrescentar as redes sociais numa fase mais adiantada.
“As redes sociais têm sido muito destrutivas para os jovens. As raparigas comparam-se entre si através das redes sociais, e a ansiedade delas dispara. Os rapazes estão cada vez mais solitários, porque só jogam videojogos”.
Em Portugal, medidas que previnem o uso de telemóveis (e, consequentemente, de redes sociais) por parte de crianças já foram postas em prática. Apesar de a proibição de telemóveis nas escolas do 1.º ao 6.º ano ter sido chumbada no Parlamento, vários estabelecimentos de ensino já adotaram a medida no ano letivo 2024/2025.
Ainda assim, Mary Gordon não concorda com a proibição. “Negar o acesso das pessoas a algo não cultiva empatia”. Não nega a capacidade “disruptiva” dos telemóveis e redes sociais na aprendizagem, por isso admite que se deve pedir aos alunos para desligar os dispositivos durante as aulas.
Mesmo assim, diz, isto não seria uma solução definitiva. "Se estás a caminho da próxima aula e estás no telemóvel, não estás a falar com amigos. Estás a perder essa aprendizagem interpessoal".
De acordo com a Federação Nacional da Educação, em setembro de 2024, uma em cada quatro escolas no país já tinham aplicado algum tipo de probição ao uso de telemóveis. Na maioria dos casos, era apenas aplicável a alunos do 1.º e 2.º ciclo de ensino, seguindo a recomendação do Governo.
Numa entrevista ao Expresso, o psicólogo espanhol Marc Massip deu conta que, até aos 16 anos, o cérebro dos menores não está suficientemente desenvolvido para lidar com as potencialidades de um smartphone, pelo que os pais "não devem ter medo" de tirar o telemóvel.
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