"Winnie the Pooh: Blood and Honey", filme de terror protagonizado pela personagem de animação, teve o seu lançamento cancelado em Macau e Hong Kong, o que voltou a levantar questões sobre a censura vivida nas duas regiões chinesas.

O Presidente chinês, Xi Jinping, é comparado ao famoso urso desde uma reunião, em 2013, com o então Presidente norte-americano, Barack Obama.

"Winnie the Pooh" tornou-se num símbolo de oposição ao Presidente chinês nos últimos anos.

Longe dos estúdios Disney e da russa Soyuzmultfilm, que tornaram a personagem popular, a versão "Blood and Honey" é uma adaptação sangrenta da autoria de Rhys Frake-Waterfield. Numa publicação no Facebook, a distribuidora do filme expressou "profundo pesar", mas não especificou o que motivou a decisão.

O Governo de Hong Kong disse, por sua vez, ter emitido uma autorização para o lançamento do trabalho cinematográfico, o que sugere que este não tenha sido censurado. Mas o organizador da antestreia, que estava marcada para esta segunda, cancelou o evento, citando razões técnicas.

Nos últimos anos, a censura chinesa tem banido da internet ligações entre o líder chinês e o urso e, em 2018, o lançamento do filme "Christopher Robin", que também tinha Winnie the Pooh como personagem, terá alegadamente sido recusado na China.

Kenny Ng, professor de cinema na Universidade Baptista de Hong Kong, recusou especular sobre a razão que levou ao cancelamento, sugerindo que o mecanismo de silenciar vozes críticas parece estar a recorrer a decisões comerciais. Afirmou ainda que Hong Kong tem assistido a mais casos de censura nos últimos dois anos.

Hong Kong e Macau são regiões administrativas especiais chinesas que voltaram ao domínio chinês em 1997 e 1999, respetivamente. Foi prometido que manteriam as liberdades e estilo de vida até então vigente.