Descobertas centenas de cidades e estradas da civilização maia "que podem reformular a história"
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Cientistas descobriram 417 cidades de cerca de 1000 a.C. no norte da Guatemala, conectadas por quase 177 quilómetros de “superestradas”, revela o Washington Post.

“O primeiro sistema rodoviário do mundo”, como os investigadores lhe chamaram, fica sob cerca de 2170 quilómetros quadrados de selva densa, segundo o jornal norte-americano.

Com base na “extensa rede de estradas e cidades, com sofisticados complexos cerimoniais, sistemas hidráulicos e infraestrutura agrícola”, os cientistas concluem que a antiga civilização maia “era muito mais avançada do que se pensava”, refere o Washington Post.
Segundo os investigadores, há “evidências de um sistema económico, político e social bem organizado que operou há cerca de dois milénios”. A área em questão tem sido mapeada desde 2015 com a tecnologia lidar — um radar avançado que permite revelar os segredos escondidos entre a vegetação densa.

Antes da utilização desta tecnologia tinham sido identificados “cerca de 50 locais de importância numa década. Agora são mais de 90.” explica Enrique Hernández, arqueólogo da Universidade de San Carlos, na Cidade da Guatemala, coautor do artigo.
Enrique Hernández acredita que assim que “a área seja totalmente revelada, pode ser um marcador potencialmente tão significativo na história da humanidade quanto as pirâmides do Egito, a mais antiga das quais data de cerca de 2.700 a.C.”, refere o Washington Post.
Segundo Richard Hansen, o principal autor de um estudo publicado em janeiro sobre a descoberta, esta está a fazer vários cientistas repensar a ideia de que a civilização maia pré-clássica “intermediária a tardia” (1000 a.C. a 250 d.C.) era apenas de caçadores-coletores.
Para o presidente da Fundação para Pesquisa Antropológica e Estudos Ambientais, esta revelação é uma “mudança no pensamento sobre a história das Américas”.
“Agora sabemos que o período pré-clássico foi de extraordinária complexidade e sofisticação arquitetónica, com alguns dos maiores edifícios da história mundial construídos durante esse período”, disse o investigador.
El Mirador, em Peten, ao longo da fronteira México — Guatemala — zona onde as descobertas aconteceram — já era considerado o “berço da civilização maia”, mas o estudo revela “todo um volume da história humana que nunca conhecemos antes”, refere o jornal americano.

Neste estudo foram reveladas pela primeira vez imagens de Balamnal, “um dos centros cruciais da civilização pré-clássica”, explica o Washington Post. O centro remonta a 1000 ou 2000 anos antes de Chichen Itza, na Península de Yucatán, no México, o local maia mais famoso até agora, que foi construído no início dos anos 400 d.C., refere o jornal.
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WEBSTORY: RITA COELHO
FOTOGRAFIA: Richard Hansen/FARES; Andres Turcios and Mirciny Moliviatis/FARES; Charlotte Lytton; Washington Post
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