A União Europeia não é só Bruxelas e precisa de portugueses: como concorrer a um emprego na União Europeia?
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GERAÇÃO E
A União Europeia precisa de portugueses — os que saem por motivos de reforma são cada vez mais, e os que entram, cada vez menos.
Este desequilíbrio faz com que Portugal esteja a caminhar para o grupo de Estados membros com menos representatividade na Comissão Europeia (CE).
Alongado, Burocrático e Complexo é o ABC que melhor explica o que tem falhado no modelo usado nos concursos de seleção, que não se assemelham aos convencionais e para os quais os portugueses não estão preparados.
Por isso, foi aprovado, em janeiro, um novo modelo, que surge a par da Estratégia Nacional para as Carreiras Europeias, com o objetivo de reduzir o défice de portugueses em funções nas instituições, a começar já nos concursos que abrem em maio.
O Expresso conta-lhe tudo o que é preciso para concorrer a um emprego na União Europeia. O caminho para o sucesso é traçado por estes 5 pontos
1.
O "desmotivante" tempo de espera é encurtado para seis meses
Para concorrer, terá de passar por vários passos formais, como a entrega de currículo atualizado em formato Europass e, depois da abertura do concurso, irá passar por uma panóplia de testes e entrevistas, que ao contrário do modelo antigo, que demoravam cerca de um ano, agora demoram metade do tempo.
No fim do concurso não há garantia de emprego, mas sim o nome numa das listas de reserva, que funcionam como uma "base de dados para potenciais empregados", afirma o chefe da Unidade de Promoção e Relações Externas do EPSO (Serviço Europeu de Seleção do Pessoal).
2.
Ser bem sucedido nos testes de raciocínio
Depois de selecionados os candidatos, a primeira fase do concurso funciona como uma "filtragem" e divide-se em várias secções de escolha múltipla.
Os testes vão desde exercícios de compreensão verbal e numérica, até à compreensão abstrata. Contudo, há que ter atenção ao tempo, pois são poucos minutos para cada grupo de perguntas.
3.
Se precisar de uma ajuda extra, terá um novo centro de formação para o auxiliar
Para ajudar os futuros candidatos ao concurso, está a ser montado um Centro de Formação, de modo a que os candidatos nacionais podem usufruir de um centro totalmente gratuito e essencialmente online- que ajuda à descentralização regional- com o objetivo de a aumentar a taxa de sucesso nas provas de acesso.
4.
Os centros de avaliação deixam de existir
O "Assessment Centre" (Centro de Avaliação) deixa de existir. Este consistia numa fase, depois do conjunto de testes mencionados, que, para além de exigir a deslocação a Bruxelas ou ao Luxemburgo, aglomerava um conjunto de provas estruturadas, desde entrevistas situacionais, estudos de caso, apresentações orais a exercícios de grupo.
Como este método exigia uma preparação que os candidatos não tinham, os Estados membros resolveram eliminar esta fase prática da segunda fase, ficando apenas as provas escritas.
5.
Colégio da Europa: a "porta de acesso" difícil de abrir
Um ano de "ensino de excelência", ministrado por uma instituição de referência que destranca a porta de acesso às carreiras europeias custa à volta de 27 mil euros, ou seja, 2250 euros por mês.
Tendo em conta a situação económica de Portugal e os salários praticados, foram criadas, pelo Estado português, as "Bolsas Mário Soares", que chegam reforçadas ao ano letivo 2023/24.
Para quem quer seguir uma carreira europeia, o Colégio da Europa parece ser um bom ponto de partida.
No entanto, segundo a ex-aluna, Rita Leitão, é necessário um "currículo fora da média" e um grande investimento monetário, visto que há pagamento de propinas, sebentas a custar entre os 50 e os 350 euros, fotocópias e impressões por cerca de 75 euros ao ano e cerca de meia centena de refeições que não estão incluídas no valor da propina, ficando em mil euros.
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TEXTO: MATILDE ORTIGÃO DELGADO
WEBSTORY: EMÍLIA CARDOSO COM TIAGO SERRA CUNHA
FOTOGRAFIAS: GETTY IMAGES
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