Crise climática

Alterações climáticas aumentam conflitos entre humanos e espécies selvagens

Alterações climáticas aumentam conflitos entre humanos e espécies selvagens
ullstein bild / Getty Images

Alterações na temperatura e na precipitação estão na origem de 80% dos conflitos entre humanos e espécies selvagens

Um artigo publicado esta segunda-feira na revista científica “Nature Climate Change” indica que as alterações climáticas são responsáveis pelos crescentes conflitos entre seres humanos e espécies selvagens, um fenómeno que, de acordo com os investigadores, quadruplicou nos últimos dez anos.

A crise climática tem dificultado a obtenção de alimentos, água e tem ameaçado vários habitats naturais, o que força tanto animais como populações humanas a competirem pela sobrevivência em zonas anteriormente inexploradas. Estas novas interações entre espécies não têm sido pacíficas e os conflitos resultam muitas vezes em mortes e ferimentos.

Na Tanzânia, são cada vez mais frequentes os casos de elefantes que, devido a secas extremas, invadem aldeias e destroem culturas agrícolas, na tentativa de obter água e alimento, o que faz com que invariavelmente acabem por ser abatidos pelas populações locais.

No mar, o aumento da temperatura das águas tem levado as baleias-azuis a migrar para outras regiões, o que tem aumentado o número de colisões com navios.

No Ártico, o degelo está a fazer com que os ursos polares sejam forçados a caçar em terra, o que fez com que as interações com humanos tenha triplicado, entre 1970 e 2005, na cidade canadiana de Churchill.

Os investigadores analisaram 49 casos de conflitos entre humanos e outras espécies registados em todos os continentes e nos cinco oceanos que cobrem o planeta. Alterações na temperatura e na precipitação são as causas mais frequentes e representam 80% dos conflitos entre espécies.

“Ficámos surpreendidos por ser tão prevalente a nível mundial. Esta foi uma das grandes conclusões deste trabalho”, explica a bióloga Briana Abrahms, investigadora principal do estudo e professora da Universidade de Washington, citada pelo “The Guardian”.

“Podemos ver novos conflitos em lugares onde não existiam no passado, bem como conflitos que se intensificaram em locais onde não existiam no passado”, adverte a primeira autora do estudo.

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