COP27

O aviso de Zelensky na COP27: Rússia desviou atenções das alterações climáticas e o planeta “não pode permitir-se disparar um único tiro"

Volodymyr Zelensky alertou que a Rússia desviou as atenções das alterações climáticas e que o planeta "não pode permitir-se disparar um único tiro"
Volodymyr Zelensky alertou que a Rússia desviou as atenções das alterações climáticas e que o planeta "não pode permitir-se disparar um único tiro"
Sean Gallup

Zelensky argumentou que “não pode existir uma política climática eficaz sem paz na Terra, porque os países pensam apenas em proteger-se a eles mesmos, aqui e agora, das ameaças criadas em especial pela agressão russa” à Ucrânia

O Presidente ucraniano defendeu nesta terça-feira, num vídeo enviado à COP27, que o planeta “não pode permitir-se disparar um único tiro”, acusando a Rússia de ter desviado o mundo das necessárias “ações coletivas” para combater as alterações climáticas.

“Ainda há pessoas para quem as alterações climáticas são apenas retórica, ‘marketing’, e não um acontecimento real. São esses quem impede a concretização dos objetivos climáticos”, declarou Volodymyr Zelensky, na mensagem enviada dois dias após o início da 27.ª Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP27), que decorre até 18 de novembro na estância balnear egípcia de Sharm el-Sheikh.

“São aqueles que, nos seus gabinetes, troçam dos que lutam para salvar a vida no planeta, enquanto em público apoiam as ações pela defesa da natureza”, prosseguiu. “São aqueles que iniciam guerras de agressão quando o planeta não pode permitir-se disparar um único tiro, porque precisa de uma ação coletiva”, acrescentou o chefe de Estado ucraniano numa mensagem proferida em inglês.

Para Zelensky, “não pode existir uma política climática eficaz sem paz na Terra, porque os países pensam apenas em proteger-se a eles mesmos, aqui e agora, das ameaças criadas em especial pela agressão russa” à Ucrânia, iniciada no final de fevereiro deste ano.

Referiu-se, em particular, às crises alimentar e energética causadas pela Rússia em consequência da guerra em curso em território ucraniano há 258 dias, aliadas à reabertura de algumas centrais a carvão. “Devemos deter aqueles que, através da sua guerra ilegal, estão a destruir a capacidade do mundo de trabalhar em conjunto por um objetivo comum”, disse ainda.

Falou, nomeadamente, da destruição das florestas ucranianas desde o início da invasão russa, apelando ao mundo para apoiar a criação de uma “plataforma global para avaliar o impacto das ações militares no clima e no ambiente”, uma questão que será abordada na quarta-feira, num evento organizado por Kiev na COP27.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas – mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6490 civis mortos e 9972 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

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