O certificado energético é obrigatório em edifícios novos e antigos a partir do momento em que são colocados no mercado para venda ou arrendamento, e é o documento que avalia a eficiência energética de um imóvel numa escala de A+ (muito eficiente) a F (pouco eficiente). Contudo, hoje em dia existem novas formas de certificação mais completas e que vão muito para além da avaliação do desemprenho energético, procurando avaliar a sustentabilidade de um edifício sob vários prismas.
Estes sistemas de certificação da sustentabilidade de edifícios apareceram em 1990 com o surgimento do BREEAM (Leadership in Energy and Environmental Design), em Inglaterra. O LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) e o WELL são outros dos sistemas mais usados, sendo que este último está mais focado na saúde e no bem-estar de quem vive ou utiliza os edifícios.
Os números de um relatório da Cushman & Wakefield, que compilou estatísticas do BREEAM e do LEED sobre o setor imobiliário, mostram que cada vez mais empresas estão a recorrer a este tipo de certificação em Portugal. “O mercado imobiliário nacional continua a registar um interesse acrescido na inclusão do conceito de sustentabilidade, assim como dos critérios de Environmental, Social e Governance (ESG), nos processos de tomada de decisão. Num enquadramento de maior regulamentação a nível europeu, com implementação de políticas e estratégias com enfoque nestes temas, verifica-se uma maior procura pela obtenção de certificados como BREEAM, LEED e WELL, assim como pela aplicação da taxonomia aos imóveis para caracterizar a sua sustentabilidade”, lê-se no relatório da consultora partilhado com o Expresso SER.
Portugal conta atualmente com diversos edifícios do mercado imobiliário comercial em diferentes fases de certificação, desde projeto até operação. Entre os certificados de edificação sustentável (para nova construção/reabilitação e edifícios em uso), nomeadamente BREEAM e LEED, “verifica-se um aumento notório ao longo dos últimos três anos”, referem os especialistas da Cushman.
Os BREEAM têm maior expressão, com perto de 80 edifícios certificados, dos quais 90% relativos a edifícios em uso e mais de metade do setor de retalho. Ainda há duas semanas, por exemplo, a Brisa Concessão Rodoviária anunciou que o seu edifício, em Cascais, recebeu a classificação de “muito bom” no sistema BREEAM.
| BREEAM | LEED |
Retalho | 40 | 4 |
Escritórios | 12 | 16 |
Industrial | 3 | 8 |
Hotelaria | 3 | 1 |
Outros | 18 | 3 |
| 76 | 32 |
Ao nível do LEED, que soma 32 edifícios certificados, “verifica-se uma distribuição equitativa entre nova construção/reabilitação e edifícios em uso, com escritórios a dominar”. Na certificação futura, somente disponível para LEED, são atualmente perto de 50 os edifícios registados.
Os números mostram que até 2019 as certificações no segmento do imobiliário comercial não ultrapassavam cinco por ano, mas, desde 2020 até 2022, as novas certificações BREEAM e LEED rondam as 30 por ano.
2013 | 3 |
2014 | 0 |
2015 | 1 |
2016 | 4 |
2017 | 2 |
2018 | 2 |
2019 | 5 |
2020 | 29 |
2021 | 26 |
2022 | 30 |
Sobre a certificação WELL, que é mais focada na utilização do edifício e bem-estar dos seus utilizadores, a Cushman & Wakefield escreve que “não há ainda edifícios com esta distinção a nível nacional. Ainda assim, com perto de 40 projetos registados, na sua totalidade em escritórios, espera-se que brevemente também neste âmbito haja edifícios certificados”.
Neste relatório sobre a evolução e tendências do mercado, a Cushman & Wakefield refere ainda que “o mercado residencial, principalmente de luxo, começa já a aderir às certificações de sustentabilidade, com principal foco no BREEAM”.
Este sistema BREEAM dá seis pontuações aos projetos submetidos (do pior ao melhor): “unclassified”, “pass”, “good”, “very good”, “excelente” e “outstanding”.
O BREEAM, que é detido pela empresa BRE (Building Research Establishment), disponibiliza no seu site um mapa interativo que permite ver que em Portugal existem mais de 100 projetos certificados, desde o residencial ao retalho. Com o “rating” de “outstanding” surgem apenas três, todos centros comercias: o MAR Shopping no Algarve, o Colombo em Lisboa, e o Vila do Conde Fashion Outlet a norte.
Numa entrevista ao Expresso SER, Ana Luísa Cabrita, responsável pela área de sustentabilidade da Cushman & Wakefield Portugal, afirma que uma das motivações dos investidores para pedir estas certificações tem a ver com as novas diretivas europeias, como a do “dever de diligência”, que vão apertar as regras em termos de sustentabilidade, também no imobiliário, um setor responsável por 38% das emissões globais de gases com efeito de estufa. Leia aqui a entrevista.
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