Ao Expresso SER, a Head of ESG do grupo Euronext, Camille Leca, revelou que atualmente a bolsa pan-europeia gere mais de 1.000 índices, “dos quais, mais de 350 são ESG”. Para as empresas portuguesas não é fácil entrar nesta montra que coloca as cotadas no radar dos investidores e gestores de fundos que procuram cada vez mais empresas cujo negócio respeite as melhores práticas de ESG (sigla inglesa para designar ambiente, social e governança empresarial).
A Euronext Lisbon enviou ao Expresso SER a lista das empresas nacionais que estão presentes nos grandes índices de sustentabilidade da Euronext e apenas quatro conseguem esse feito: EDP, EDP Renováveis, Galp Energia e Jerónimo Martins. As duas elétricas da família EDP são de longe as que conseguem entrar em mais índices ESG europeus, estando a EDP em 11 e a sua subsidiária Renováveis em 10. A retalhista Jerónimo Martins está listada em seis índices pan-europeus de sustentabilidade, enquanto a Galp Energia aparece em cinco desses índices (ver tabela no final do artigo).
Um dos índices em que aparece a Galp é o “Euronext Equileap Gender Equality Eurozone 100” e que foi lançado na semana passada, agregando empresas com boas práticas no que respeita à igualdade de género. A Euronext, mercado de capitais que integra bolsas como a de Paris, Amesterdão, Dublin e Lisboa, revela que a criação deste novo índice visa responder aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nas Nações Unidas, nomeadamente o ODS 5 sobre a Igualdade de Género.
Os índices ESG com mais representação nacional são o “EN Europe Sustainable 100 EW” e o “Euronext Vigeo 120 Index”, estando em cada um deles representadas três cotadas portuguesas. Neste segundo índice, por exemplo, só estão empresas que passem pelo crivo da Moody’s ESG Solutions que classifica e hierarquiza as empresas em função de 38 critérios, em seis grandes áreas: ambiente, direitos humanos, recursos naturais, envolvimento da comunidade, comportamento da gestão e, finalmente, boas práticas de corporate governance.
O facto de apenas quatro empresas portuguesas aparecerem nos índices ESG da Euronext não quer dizer necessariamente que as outras não tenham boas práticas de ESG. O problema é que quase todos os índices ESG são construídos a partir de outros índices Euronext que agregaram as cotadas com maior capitalização bolsista. Em Portugal, apenas quatro empresas têm um valor de mercado que lhes permite entrar no radar das maiores cotadas europeias: a EDP Renováveis que vale 20,7 mil milhões de euros, a EDP que tem uma capitalização bolsista de 18 mil milhões, a Jerónimo Martins com um valor de mercado de 13 mil milhões e, finalmente, a Galp que vale 9 mil milhões. A partir daqui cava-se um fosso no ranking das maiores empresas, e a quinta maior empresa do PSI é a Navigator mas com um “market cap” de apenas 2,7 mil milhões de euros.
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