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“Atualmente gerimos um total de 1.000 índices, dos quais, mais de 350 são ESG”

Camille Leca, Head of ESG do Grupo Euronext
Camille Leca, Head of ESG do Grupo Euronext
Franck DUNOUAU

A Head of ESG do grupo Euronext, Camille Leca, revelou ao Expresso SER que a Bolsa pan-europeia já tem mais de 350 índices que agregam as empresas em função de critérios de sustentabilidade e que “nos últimos anos, mais de 80% dos índices lançados pela Euronext consideram critérios ESG”

Tudo começa em 2008 quando a Euronext, plataforma que integra bolsas como as de Lisboa, Paris ou Amesterdão, cria o seu primeiro índice Low Carbon. Desde então o grupo não tem parado de lançar novos cabazes que juntam empresas em função de vários critérios ESG (sigla inglesa para designar ambiente, social e governança empresarial). O índice mais recente é o “Euronext Equileap Gender Equality Eurozone 100” que agrega empresas com boas práticas no que respeita à igualdade de género. A Galp é a única cotada portuguesa representada neste cabaz.

Camille Leca, responsável máxima pela área ESG, em resposta escrita enviada ao Expresso SER, revela que “desde 2019, a Euronext tem vindo a consolidar a sua posição de liderança na Europa em índices ESG para produtos estruturados. Atualmente gerimos um total de 1.000 índices, dos quais, mais de 350 são ESG”.

E porquê tantos índices sobre sustentabilidade? “Na Euronext, estamos constantemente a inovar nos produtos e serviços que disponibilizamos no mercado, de forma a ir ao encontro das necessidades e exigências dos investidores, com o objetivo de facilitar a transição sustentável. Enquanto estrutura de mercado, o nosso papel é propor e desenvolver produtos para direcionar o investimento para projetos ESG. Atualmente, gerimos vários produtos ESG, nomeadamente obrigações, derivados, fundos, bem como produtos no âmbito dos serviços corporativos, de forma a apoiar as empresas no seu percurso na área da sustentabilidade”.

E assim foram aparecendo os vários índices ESG geridos pela Euronext que vão do “CAC 40 Governance” ao “Euronext Green Planet”, passando pelo “Euronext ESG Biodiversity Screened World”. (Veja aqui a lista de todos os índices ESG existentes na plataforma).

Camille Leca explicou que a tendência de oferecer mais opções sustentáveis aos investidores tem vindo a acentuar-se. “Nos últimos anos, mais de 80% dos índices lançados pela Euronext consideram critérios ESG. Como exemplo, em 2021, lançámos vinte novos índices ESG que incluíram novidades no que respeita às categorias: para além daqueles que incorporam critérios ESG mais generalistas, lançámos índices que englobam temáticas mais específicas tais como o PAB (Acordo de Paris), Biodiversidade, Água, e Social. Este ano já foram lançados 20 novos índices ESG, entre os quais as versões ESG dos índices nacionais dos Países Baixos (AEX ESG) e da Noruega (OBX ESG) (no seguimento do lançamento em 2021 do CAC 40 ESG e o MIB ESG), e o Euronext Equileap Gender Equality Eurozone 100 (igualdade de género)”.

Questionada se este manancial de novos índices seria para responder à exigência dos gestores de fundos, a responsável pela sustentabilidade do grupo confirma que, “aparte de algumas raras exceções, baseamos o lançamento de novos índices em necessidades expressas pelos nossos clientes, isto é, gestores de fundos que pretendem acompanhar ou lançar produtos estruturados sobre determinado sector ou tema”. Camille Leca também desvendou que a plataforma de bolsas pan-europeia está a prever lançar um novo índice ESG direcionado apenas para o mercado português. Leia aqui a notícia.

Dentro do universo dos índices ESG, aqueles mais virados para o ambiente ainda são os que têm maior saída e procura. Na grande maioria dos casos, a procura continua a estar muito centrada na parte ambiental/climática do ESG, “mas já começamos a ver o surgimento de novos programas e subjacentes com ligação a objetivos sociais”. Camille Leca dá um exemplo concreto: “foi muito importante vermos a Amundi e a LCL a receber o prémio SRP Best Structured Products Funds Award com o LCL Impact Social 2021, tendo como base um fundo que investe nos constituintes do índice Euronext France Social Decrement 3.75%, que tem como foco riscos sociais em França. Este é um exemplo de subjacentes com uma componente social que começam a surgir no mercado”.

No que respeita à componente ambiental, refere que o grupo continua “a assistir ao pedido de clientes para desenvolvimento de índices com foco em temas específicos, tal como a biodiversidade. Evidenciaria ainda a procura crescente de índices alinhados com os objetivos ambientais definidos na Zona Euro - tais como os que alinham com o Acordo de Paris ou com o EU Climate Transition Benchmark (CTB)”.

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