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Casalinho diz que cargo de sustentabilidade no BPI “é um regresso ao futuro”

Casalinho diz que cargo de sustentabilidade no BPI “é um regresso ao futuro”

A nova diretora executiva de sustentabilidade do BPI diz ao Expresso que, depois de 10 anos a gerir a dívida pública, este regresso ao BPI não é um regresso a casa, mas um “regresso ao futuro”. Garante que o banco vai ter mais mulheres em posições diretivas e promete 120 milhões de euros de investimento social até 2024

O BPI criou um novo cargo de direção no banco para tratar de temas relacionados com a sustentabilidade e resolveu chamar Cristina Casalinho para desempenhar esta tarefa. Casalinho foi economista-chefe do Banco BPI até 2012, altura em que saiu e rumou à Agência de Gestão da Tesouraria e Dívida Pública (IGCP), a instituição que gere a dívida pública portuguesa.

É um regresso a casa? As primeiras declarações de Casalinho como diretora executiva de sustentabilidade do BPI foram feitas ao Expresso para dizer que encara “este regresso como um ‘regresso ao futuro’. A sustentabilidade é uma preocupação, uma prioridade com uma importância crescente, impulsionada por instituições tão relevantes como as Nações Unidas ou a Comissão Europeia”. E acrescenta que “os bancos têm uma missão muito importante e uma grande responsabilidade no acompanhamento dos clientes nesta transição. O BPI tem uma estratégia e planos concretos para atuar nesta área”.

E que estratégia é esta? Casalinho explica que o plano de sustentabilidade do banco “está ancorado em três objetivos: apoio à transição sustentável nas empresas e na sociedade; liderar nas melhores práticas de governação; liderar em termos de impacto -social e promover a inclusão social”. A nova diretora executiva refere que o banco pretende apoiar, até 2024, “200 mil pessoas e disponibilizar 120 milhões de euros de investimento social” através das marcas BPI e Fundação “la Caixa”.

Quando estava à frente do IGCP, Casalinho geria uma carteira de 275 mil milhões de euros, que era o valor da nossa dívida pública. Agora vai ter naturalmente um orçamento mais modesto, mas promete “aumentar em 4 mil milhões de euros o volume de negócios sustentável: 2 mil milhões relativamente a crédito e 2 mil milhões de ativos sob gestão”.

Casalinho, que também integra o conselho de administração da Fundação Calouste Gulbenkian, como não-executiva, vai para um banco em que a comissão executiva não tem uma única mulher. Apenas no conselho de administração há administradoras não executivas (quatro em 15). E sendo mulher, e ocupando este cargo de direção, coloca como prioridade fundamental que o BPI atinja “a meta de 43% de mulheres em posições diretivas até 2024”.

Garante que a nova direção de sustentabilidade “ficará responsável pela definição da estratégia e políticas de sustentabilidade do BPI, e pela monitorização e avaliação da sua aplicação em toda a organização” e explica a criação desta nova direção com a necessidade de colocar “a um nível estratégico e prioritário as políticas ESG (ambientais, sociais e de governação), dando resposta aos crescentes requisitos regulatórios e às próprias exigências da sociedade”.

No final, não resistimos a lançar uma provocação. Casalinho foi durante dez anos responsável por gerir a dívida pública e, apesar de várias promessas por parte do poder político, o IGCP nunca chegou a avançar com a emissão de dívida verde (dívida que é vendida aos credores e que serve para financiar exclusivamente projetos sustentáveis).

Agora que resolveu calçar os sapatos de sustentabilidade no BPI, perguntámos a Casalinho o porquê de nunca ter avançado com as “green bonds”. Esta foi a resposta: “Na área do euro, a emissão de obrigações verdes por soberanos foi iniciada em janeiro de 2017 com o lançamento dos títulos pelo Estado francês, tendo-se-lhe seguido emissões de vários Estados europeus. (Alguns Estados optaram pela emissão de obrigações sustentáveis em vez de títulos verdes.) Em Portugal, o desenvolvimento deste mercado foi acompanhado de perto pelo IGCP e congratulo-me com o facto de o conselho de administração do IGCP ter eleito a concretização de uma emissão de obrigações verdes como um dos seus objetivos para o corrente mandato”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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