30 outubro 2009 9:40
Chama-se My Phone e é um programa 100% made in Portugal. Integrado na nova versão do Windows Phone, da Microsoft, permite localizar um telemóvel e fazer cópias de segurança da sua informação. O Expresso mostra-lhe como funciona.
30 outubro 2009 9:40

Carlos Oliveira: A próxima versão do Windows Phone vai trazer grandes novidades
Chamam-lhe o "pai do My Phone". Carlos Oliveira, ex-administrador executivo da Mobicomp e actual responsável pelo Centro de Investigação e Desenvolvimento em Tecnologias da Mobilidade da Microsoft Portugal tem orgulho no "seu filho". Razões não lhe faltam.
Num artigo recentemente publicado no prestigiado jornal norte-americano "The New York Times", este serviço é referido como "uma boa razão para comprar um telemóvel com o novo Windows Phone".
O título de uma crítica sobre o My Phone publicada no popular site de tecnologia, CNet, é bem esclarecedor: "Microsoft reinventa a roda". No texto, assinado por Jessica Dolcourt, pode ler-se: "Se por um lado não ficámos muito impressionados com as capacidades de sincronização e partilha de conteúdos, o sistema de procurar o telemóvel e as ferramentas de segurança deram-nos paz de espírito".
Passado pouco mais de um ano sobre a aquisição da Mobicomp, sedeada em Braga, pela Microsoft, a equipa liderada por Carlos Oliveira já está a trabalhar nas próximas versões do My Phone que chegarão ao mercado em 2010 integradas no Windows Phone.
Consciente de que nestas áreas, o segredo também é a alma do negócio, limita-se a dizer que "estamos agora com um foco muito maior na engenharia e a fazer bons produtos, com maior valor acrescentado e com diferenciação".
Como é que tudo começou? A Mobicomp surgiu no ano 2000 pela mão de quatro alunos da Universidade do Minho com formação nas áreas das novas tecnologias. A Ideia era criar uma empresa que fosse relevante nas soluções móveis para telecomunicações, mas na altura nem se sabia muito bem o que isto queria dizer. Acreditámos que poderíamos fazer tecnologia inovadora e sermos os melhores do domínio das aplicações móveis.
Mas quando é que começaram a desenvolver o My Phone? A ideia de desenvolver o My Phone surgiu em finais de 2004, antes da aquisição pela Microsoft. Na época chamava-se MobileKeeper e tornou-se desde logo no produto estratégico da Mobicomp em termos de internacionalização. Desenvolvemos várias versões do produto e começámos a ter clientes na Europa e no Médio Oriente, onde nos tornámos líder de mercado na área do backup and restore de conteúdos móveis.
No último trimestre de 2007, fui a uma feira aos Estados Unidos e surgiu a oportunidade de reunir com a Microsoft. Apresentei o MobileKeeper à mesa de um café durante 20 ou 30 minutos. O meu interlocutor achou as ideias interessantes mas só voltaria a contactar-nos em Dezembro desse ano. A Microsoft queria fazer uma conferência telefónica um pouco mais longa para explicarmos o produto com um pouco mais de detalhe.
Agora percebo que estávamos no sítio certo, à hora certa. Nessa altura, a Microsoft estava a criar um novo business group e queriam apostar forte na área de backup and restore e da sincronização de conteúdos para o mercado de consumo. Em Março de 2008 propõe-nos o licenciamento desta tecnologia, mas em Abril acabariam por adquirir a Mobicomp.
Smartphones com o sistema operativo Windows Mobile (actual Windows Phone) vendidos em 2008 em todo o mundo, o que equivale a uma quota de mercado de 11.8%. Fonte: Gartner
Empresas mais pequenas como a Mobicomp estão condenadas a serem compradas por multinacionais? Não diria que estão condenadas, mas grande parte da inovação que as grandes empresas fazem provém de aquisições porque o ambiente numa pequena empresa é muito mais favorável à inovação. Por isso é que são alvos apetecíveis para as grandes empresas.
Num mercado como o português era bom que existissem mais aquisições porque não temos nem mercado interno nem massa crítica para desenvolvermos empresas que por si só conseguem atacar o mercado internacional. Claro que também há empresas portuguesas, como a Altitude Software e a WeDo (Sonae) que conseguem ter alguma dimensão internacional.
Mas não basta a uma pequena empresa ter tecnologia e clientes, é preciso também criar redes de contactos internacionais e pensar global. Qualquer empresa portuguesa no sector das tecnologias da informação tem de pensar global.
O que é que muda quando se passa a fazer software para uma audiência mundial? Numa empresa como a Microsoft, que é fortíssima a nível de engenharia, nada pode falhar e tudo tem de ser muito bem testado. Por exemplo, a equipa de engenheiros de testes tem de ter o mesmo número de elementos da equipa de desenvolvimento do produto. Ou seja, para cada engenheiro que está a desenvolver código que deverá sair com o produto, há um que desenvolve código de testes para esse mesmo produto.
Também tivemos de obter certificações e aprovações para que a nossa aplicação pudesse ser integrada dentro do sistema operativo, apesar de pertencermos à Microsoft.
A Microsoft tem argumentos de peso na guerra dos sistemas operativos para dispositivos móveis? A Microsoft é um dos poucos players que tem grandes argumentos para estar nesta luta. Tem plataformas como a Live e um conjunto de tecnologias que, depois devidamente integradas, constituem uma oferta difícil de bater. O Windows Phone que será lançado no próximo ano vai trazer grandes novidades.