Há um 'superbug' a preocupar os EUA: casos de Candida auris registaram “crescimento anormal”

Há um fungo que está a fazer soar alarmes nos Estados Unidos: as infeções por Candida auris estão a aumentar a um ritmo acima do normal. De 2020 para 2021, os casos duplicaram nos EUA, alertou um estudo publicado no início desta semana numa revista científica. É um “crescimento anormal e muito intenso”, afirma Tiago Correia, mas segundo o professor de Saúde Internacional o “grande ponto de preocupação” é a resistência que este fungo oferece ao tratamento.
O Candida auris é muito resistente aos medicamentos normalmente administrados para tratar este tipo de infeções — as equinocandinas — e, por isso, o fungo é considerado um superbug, diz o investigador do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa. A resistência antimicrobiana “faz com que as infeções sejam mais difíceis de tratar, pode haver mais risco de contágio, mais risco de doença grave e mais risco de morte”, explica.
Face aos anos de 2019 e 2020, os casos foram três vezes mais frequentes em 2021, nos Estados Unidos, de acordo com o estudo publicado na “Annals of Internal Medicine” que analisou dados dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) e das autoridades a nível local e estatal. Em concreto, as infeções por Candida auris cresceram de 44% em 2019 para 95% em 2021.
Este fungo não é novo: foi reportado em 2016 nos Estados Unidos, tendo sido identificado pela primeira vez no Japão, em 2009, no ouvido de uma mulher. Desde então, o Candida auris alastrou-se a alguns países do mundo, incluindo no continente europeu. Em Portugal, o superorganismo chegou a causar alguma preocupação em 2019, mas não chegou a ser confirmado nenhum caso no país (pelo menos até ao momento).
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