Sociedade

Saiba quem são três tubarões do Shark Tank português

12 novembro 2014 18:00

Mafalda Anjos, Abílio Ferreira e Margarida Cardoso

Nomes do programa da SIC são revelados oficialmente esta quinta-feira. Prepare-se: há uma carta fora do baralho.

12 novembro 2014 18:00

Mafalda Anjos, Abílio Ferreira e Margarida Cardoso

O empresário Mário Ferreira, da Douro Azul, João Rafael Koehler, presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), e a carta fora do baralho Tim Vieira, um empresário de Angola da área dos media, são três dos cinco investidores que vão fazer parte do painel de tubarões na versão portuguesa do "Shark Tank", que estreia na SIC no início de 2015.  

O nome mais surpreendente, desconhecido dos portugueses, é o de Tim Vieira. Consta que tem dentes bem afiados para o negócio. Tim é um empresário sedeado em Angola e é presidente da Special Edition Holding. Nasceu na África do Sul, onde começou a trabalhar há cerca de 20 anos com uma pequena cervejeira artesanal. O grupo, com mais de 520 funcionários, atua na área da comunicação e marketing, onde detém várias empresas que atuam da publicidade, eventos, agências de meios, assessoria de imprensa, pesquisa e estudos de mercado, impressão e imagem corporativa. A TBWA / Angola, a agência de publicidade naquele país do grupo internacional TBWA, é participada pela Holding de Tim Vieira. O grupo detém ainda empresas como a Muki, Original Brands, Onmedia e Multileme. Entre os acionistas da Holding, com presença também na África do Sul e em Moçambique, estão a FIPA (um fundo de private equity angolano onde participa o BAE) e a Investec (um grupo financeiro sul-africano), além de um grupo de investidores particulares angolanos cujo nome não é conhecido.

Koehler, industrial e exportador

Industrial, exportador, com passagem fugaz pela JSD. João Rafael Koehler, 41 anos, tornou-se há um ano o quinto presidente da ANJE, concedendo notoriedade a um percurso empresarial discreto e reservado na condução da empresa de colas fundada pelo pai.

Licenciado em Direito pela Universidade Católica, João Rafael Koehler ainda exerceu  advocacia e deu aulas mas rapidamente se converteu aos encantos dos negócios da família. Dirige a Colquímica, em Valongo, uma empresa que descolou para o sucesso exportando quase a totalidade da produção (80 milhões de euros). Em 12 anos, a Colquímica passou de €5 milhões para €80 milhões de vendas, fazendo 92% do negócio em 45 mercados de exportação. Coube a João Rafael Koehler conduzir este programa de expansão, impulsionando a diversificação de mercados. A empresa conta com duas bases fabris em Valongo, totalmente automatizadas, que empregam 125 pessoas. Na Polónia, a unidade de Poznan conta com 20 funcionários.

Na juventude, militou na JSD e pertenceu a direções da distrital do Porto do PSD na altura de Filipe Menezes e Valentim Loureiro. Mas abandonou há anos a atividade política para se focar na empresa. Regressou à intervenção pública pelo lado do associativismo empresarial. Quando foi convidado para presidir à ANJE, hesitou com receio de não ter tempo para dividir entre a empresa e a associação. Só aceitou depois de conhecer a equipa.

Em entrevista ao Expresso, no início do mandato na ANJE, manifestou o desejo de contribuir para a mudança do paradigma atual, "injetando o ADN do empreendedorismo na cabeça dos jovens". "Em vez de aspirarem a esta ou àquela carreira, é fundamental que as pessoas se sintam estimuladas a criar uma empresa, a lançar um negócio sem receio de falhar. O insucesso não deve ser um estigma, mas valorizado como processo de aprendizagem."

O tubarão do Douro

Em 46 anos de vida, Mário Ferreira acumulou um extenso currículo de empreendedor, milhas náuticas, barcos de luxo e o sonho de um dia viajar pelo espaço. Na Douro Azul, a empresa que lhe valeu o cognome de "Senhor do Douro", espera faturar 36 milhões de euros no final deste ano e continuar a crescer, muito por conta dos "baby boomers" americanos.

Não ter medo de correr riscos é uma das imagens de marca do presidente da Douro Azul, sempre pronto a investir, mas também a abater negócios para avançar, como o Solar da Rede ou o Vintage House.

Na juventude ganhou as graças do mar a trabalhar em paquetes de luxo à volta do mundo, depois de deixar a casa dos pais, aos 16 anos, e partir para Londres com 50 libras no bolso. Como empresário, apostou no turismo, sobreviveu ao divórcio com uma milionária americana e vai sendo notícia pela compra de novos barcos de cruzeiro para a sua frota do Douro, onde pontua o "Spirit of Chartwell", o navio utilizado pela Rainha Isabel II nas celebrações do seu jubileu de diamante, ou iniciativas mediáticas como a que trouxe as atrizes Sharon Stone e Andie MacDowell à cerimónia hollywoodesca de batismo dos navios Ama a Vida e Queen Elisabeth, no ano passado.

No seu portfólio tem, também, o World of Discoveries, um museu interativo dedicado à época de ouro dos descobrimentos portugueses, onde investiu 8 milhões de euros, a compra de uma viagem espacial ao dono da Virgin, Richard Branson, que promete torná-lo o primeiro turista português no espaço, a empresa Caminho das Estrelas e, ainda, a antiga Pensão Monumental, na Avenida dos Aliados, no Porto, à espera de se transformar "num dos espaços mais emblemáticos da cidade", com hotel com café. Emprega 400 pessoas e um dos seus últimos negócios foi a compra do navio Atlântida, que estava encalhado nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo e agora segue a rota dos cruzeiros de luxo na Amazónia.

Pontual, acorda diariamente às 6h00, não tem medo de arregaçar as mangas e acredita que não é difícil transformar 50 mil euros num negócio de milhões com uma boa ideia. 

 

SOBRE O SHARK TANK PORTUGUÊS

António Carrapatoso, um dos primeiros nomes apontados, não será um dos investidores, mas tem liderado o processo de escolha dos tubarões, uma vez que detém a produtora que está a fazer o programa. O antigo CEO da Vodafone Portugal negociou a compra dos direitos e está a produzir o formato que fez sucesso nos Estados Unidos. Trata-se de um programa de entretenimento no qual os concorrentes apresentam os seus projetos aos cinco empresários membros do júri, que os analisam e decidem se os subsidiam ou não.