O verdadeiro Pirro ganhou quase tudo

Pirro tinha o cabelo ruivo, cabelo de fogo, e isso lhe deu o nome. De resto, dizem os antigos, foi um dos mais brilhantes generais do seu tempo. Houve quem escrevesse que depois de Alexandre Magno não teve rival.



Nascido em 318 a.C., rei do Épiro e da Macedónia, relacionado com um dos muitos generais de Alexandre, que havia morrido cinco anos antes de ele nascer, na verdade Pirro venceu praticamente todas as batalhas em que se envolveu. De onde vem então a expressão 'vitória de Pirro' ou 'vitória pírrica' usada hoje por Mário Soares para caracterizar a vitória do PS nas Europeias?

A resposta é: vem do sentido de humor do próprio Pirro, depois da batalha de Asculum (279 a.C.) que venceu ao fim de dois dias, fazendo opor elefantes, cavalaria macedónia e infantaria grega contra quatro legiões romanas com 300 dispositivos anti-elefante (algo como as minas antitanque modernas). Os romanos perderam seis mil homens contra 3500 de Pirro, mas este, quando lhe foram dar os parabéns terá respondido: "Mais uma vitória assim e estou perdido".

Mas não estava! Por isso a comparação de Soares só faz sentido no âmbito da frase feita. Pirro sobreviveu sete anos ao dito e conheceu, mais tarde, uma espécie de empate na batalha de Benevento, retornando após isso ao Épiro com mais de 13 mil tropas, mas já sem a ambição de conquistar a então República Romana.

Escreveu ainda vários livros, alguns elogiados por Cícero, casou cinco vezes, teve vários filhos que foram reis e rainhas. Morreu em combate, numa disputa em Argos. Diz-se que levou com um tijolo na cabeça, arremessado por uma velha mulher que estava num telhado, o que permitiu a um soldado pôr-lhe fim à vida quando tinha a então provecta idade de 46 anos.