22 março 2013 20:27
Um dos maiores nomes da música cubana sofria de Alzheimer.
22 março 2013 20:27
Bebo Valdés, uma das lendas da música cubana e do jazz internacional, faleceu hoje na Suécia, aos 94 anos, noticia o "El Pais".
O "mago dos ritmos cubanos" - como o diário espanhol o apelida - sofria de Alzheimer tendo passado os últimos anos da sua vida em Benalmádena, Málaga (Espanha).
Nascido a 9 de outubro de 1918, na cidade cubana de Quivicán, Ramon Emilio Valdés Amaro - seu nome verdadeiro -, foi um dos protagonistas da "era de ouro" da música cubana. Precursor do jazz afro-cubano, o compositor e pianista procurou experimentar novos compassos desde muito cedo.
Nasce o "mambo"
Formou a orquestra Valdés-Hernandéz, responsável pelo nascimento do novo ritmo "batanga", e ficaria conhecido como um dos criadores do "mambo", juntamente com Israel "Cachao" López e o seu irmão Orlando López.
Na década de 40 compôs um dos seus primeiros mambos "La rareza del siglo". As suas atuações no Tropicana, um dos redutos musicais de Havana, ganharam fama e até levaram-no a assumir a sua direção musical. Integrando um novo grupo "Sabor de Cuba", partilhou o palco com vozes sonantes e lendárias do jazz norte-americano que faziam furor na altura, nos EUA, entre elas Nat King Kole e Sarah Vaughn, que ali acorriam para sessões com os músicos cubanos.
Perseguição do regime de Fidel
Bebo viveu momentos conturbados com a chegada de Fidel Castro ao poder, em 1959. Recusou a filiação ao regime e isso valeu-lhe vários impedimentos para tocar. Pai de cinco filhos, perdeu o emprego e decidiu abandonar Cuba. Nunca mais retornou.
Passou pelo México e é em Estocolmo que vai fixar residência, acabando por casar. A partir daí, enfrentou inúmeras dificuldades económicas e a carreira a solo teve um percurso descendente, não conseguiu mais do que tocar em hotéis.
Sucesso regressa na reforma
Mas é em 1994, aos 76 anos, e reformado, que assiste a um volte face no seu percurso, com um convite do músico cubano Paquito D' Rivera para gravar um disco - "Bebo Rides Again", uma coletânea de músicas cubanas e originais de Valdés.
Em 2000, o cineasta espanhol Fernando Trueba redescobre-o para participar em Calle 54, um documentário a propósito do jazz latino. Nele reencontra o seu filho mais velho Chucho e os seus amigos Israel López Cachao e "Patato". Do filme resultaria o trabalho discográfico "El arte del sabor", premiado em 2003 com o Grammy de Melhor Álbum de Música Tropical Tradicional.
Quatro anos mais tarde volta a ser um sucesso com "Lágrimas Negras", gravado com o cantor flamenco Diego El Cigala, e aclamado com um Grammy e três discos de platina em Espanha. Valdés recebeu em 2005 o Grammy de Melhor Álbum de Jazz latino pelo trabalho "Bebo de Cuba".
Novamente pelas mãos de Trueba, e já com 90 anos, compõe a banda sonora do filme de animação "Chico & Rita", nomeado para os Óscares em 2012.
Em 2008, "Bebo y Chucho Valdés, Juntos para siempre", o seu último disco, pai e filho recuperam em homenagem o repertório de clássicos, como "Tres Palavras" e "Sabor a Mí".