10 fevereiro 2011 15:09
A Igreja da Cientologia está a ser investigada pelo FBI por suspeitas de tráfico humano e trabalhos forçados. No centro desta polémica encontra-se o ator Tom Cruise, acusado de promover trabalho escravo.
10 fevereiro 2011 15:09
O FBI está a investigar a Igreja da Cientologia por prática de escravatura. A informação foi divulgada na página da Internet da revista The New Yorker, através de um excerto de uma reportagem que sairá na próxima edição da revista, dia 14 de fevereiro.
A reportagem da autoria do jornalista Lawrence Wright, vencedor de um prémio Pulitzer, relata supostos casos de maus-tratos a membros que pretendem abandonar a igreja e ainda a existência de "campos de re-educação", para onde são enviados os cientologistas que não cumprem os seus deveres religiosos.
O trabalho refere também casos de abusos físicos e psicológicos levados a cabo pelo líder da seita, David Miscavige, amigo íntimo e padrinho de casamento de Tom Cruise. Aliás, o próprio ator, membro desta seita, é acusado de ter obrigado vários membros a levar a cabo tarefas duras, como recuperar um edifício, e reparar motas e barcos, pagando-lhes apenas 50 dólares semanais, cerca de 37 euros.
A denúncia foi confirmada por John Brosseau, ex-cunhado de Miscavige, que foi perseguido por vários membros da igreja quando tentou abandoná-la, e que terá trabalhado para o ator durante semanas.
Esta não é a primeira vez que Tom Cruise e a Cientologia geram polémica. Em 2005, numa entrevista à apresentadora Oprah Winfrey, o ator mostrou-se alterado ao tentar pregar os ensinamentos da seita.
Paul Haggis denuncia escravatura infantil
O artigo centra-se ainda nas declarações do realizador Paul Haggis, vencedor de dois Óscares da Academia pelo filme "Colisão", de 2004, que foi membro da Igreja da Cientologia durante quase 35 anos. O realizador abandonou a igreja em 2009, depois de uma campanha contra o casamento homossexual promovida pela seita. Pai de duas filhas lésbicas, Paul Haggis só agora vem revelar alguns dos segredos desta organização, alegando não o ter feito antes para "proteger as filhas".
Na reportagem, o realizador fala de uma congregação chamada Sea Org., para onde os pais mandavam os filhos pequenos trabalhar e recorda ainda as condições da escravatura infantil a que assistiu no Haiti. Haggis revela que para abandonar a congregação essas famílias tinham de pagar um valor que podia atingir os 100 mil dólares (cerca de 73 mil euros), por serviços de ajuda e formação recebidos.
Os porta-vozes da Igreja da Cientologia negam todas as acusações e asseguram desconhecer a investigação do FBI.
Segundo o artigo da The New Yorker, desde 2009 que o FBI tem interrogado antigos membros da seita, devido às acusações que recebeu por estas supostas práticas.