Sociedade

Fósseis encontrados na Austrália podem ser os mais antigos da Terra

22 agosto 2011 15:39

Ana C. Oliveira (www.expresso.pt)

Descobertos em rochas, os fósseis de micróbios podem ser a prova da existência de vida no planeta3,4 mil milhões de anos.

22 agosto 2011 15:39

Ana C. Oliveira (www.expresso.pt)

Um estudo publicado no jornal "Nature Geoscience" revela a descoberta de fósseis de micróbios com mais de 3,4 mil milhões de anos. Encontrados numa formação rochosa de Strelley Pool, na Austrália, estes fósseis pertencem a organismos que viviam sem oxigénio e alimentavam-se à base de enxofre.



A equipa de geólogos liderada por David Wacey, da Universidade de Western Austrália, e por Martin Brasier, da Universidade de Oxford, refere que os microfósseis, para além da forma e do tamanho, contêm indícios de carbono e nitrogénio, elementos associados aos organismos vivos dos dias de hoje.



A ser verdadeira, a descoberta confirma que a vida na Terra se desenvolveu rapidamente depois do Cataclismo Lunar (ou Último Grande Bombardeamento), que terá atingido a planeta há cerca de 3,8 mil milhões de anos e, possivelmente, tornou a sua superfície fértil.



Os organismos dos fósseis descobertos poderão ter vivido apenas alguns milhares de anos depois deste acontecimento, numa altura em que a temperatura era bastante mais elevada e a órbita da Lua estava mais próxima da Terra, levantando grandes marés. A atmosfera do planeta era composta por metano, já que as plantas não tinham ainda evoluído ao ponto de fornecerem oxigénio, o que justifica o facto de os micróbios encontrados sobreviverem à base de enxofre.



"Temos finalmente uma boa prova de que a vida tem mais de 3,4 mil milhões de anos. Isto prova a existência de bactérias que viviam sem oxigénio", avança Martin Brasier.

Disputa no meio académico

De acordo com a Universidade de Oxford, à qual pertence Martin Brasier, estes serão "os fósseis mais antigos encontrados na Terra", mas a autoria de tal descoberta coube durante anos a James William Schopf, um paleobiologista da Universidade da Califórnia, em Los Angeles.



Em 1993, Schopf reportou a existência de fósseis com 3,465 mil milhões de anos em Warrawoona, na Austrália, perto do local onde os últimos fósseis foram encontrados. No entanto, a sua descoberta foi posta em causa em 2002 quando Brasier sugeriu que estes microfósseis não tinham origem biológica mas sim mineral.



Roger Buick, da Universidade de Washington, confirmou ao jornal americano "The New York Times" que Schopf continua a trabalhar para validar a sua descoberta. No caso dos fósseis encontrados em 1993 pertencerem realmente a organismos vivos, estes serão 65 mil anos mais antigos do que os recentemente descobertos por Brasier e Wacey.

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