15 fevereiro 2014 10:49
Paredão norte da Costa de Caparica interdito depois dos estragos "avultados" desta madrugada na Praia do CDS. Concessionários e responsáveis da Câmara de Almada vão reunir-se. Além da agitação marítima, há alertas para vento forte e neve.
15 fevereiro 2014 10:49
A força do mar desta madrugada voltou a deixar um rasto de destruição. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera colocou o litoral norte e centro de Portugal Continental bem como a costa norte do arquipélago da Madeira sob aviso laranja - o segundo mais grave de uma escala de quatro, com o vermelho de máximo -, por causa do estado do mar.
Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Coimbra, Leiria, Lisboa tem o alerta acionado desde as 19h de sexta-feira até às 12h de amanhã, prevendo-se ondas entre 5 e 7 metros. Para os restantes distritos do litoral - Setúbal, Beja e Faro -, vigora o aviso amarelo. A agitação marítima poderá atingir alturas de 4 a 5 metros.
A maré desta madrugada voltou a alagar restaurantes e bares da Praia do CDS, na Costa de Caparica. As ondas galgaram o paredão e arrastaram areia, pedras, e mobiliário urbano, tendo chegado também ao parque de estacionamento, que fica localizado nas traseiras dos estabelecimentos comerciais, de acordo com a Proteção Civil.
Prejuízos "avultados"
António Ramos, proprietário de três restaurantes da Costa da Caparica, apercebeu-se da inundação por volta das 3h. "Tinha ido à lota comprar peixe e estava a vir para aqui quando me apercebi que o mar tinha invadido tudo. Está aqui um pandemónio, não se consegue trabalhar", relatou à Lusa. Teme-se que o cenário volte a repetir-se por volta das 15h30, com a chegada da nova preia-mar.
Rui Jorge Martins, vereador da Câmara Municipal de Almada com o pelouro da Proteção Civil, fala em "elevados" prejuízos num balanço preliminar. "Nada disto era espectável. Tínhamos apenas o alerta amarelo da Proteção Civil e nem sequer havia indicação de ventos muito fortes. Fomos todos apanhados de surpresa", disse o autarca esta manhã à Lusa adiantando que os serviços camarários procedem à limpeza.
Totalmente fechado encontra-se o paredão do lado norte da Costa de Caparica, desde o início da tarde. A Polícia Marítima renova os apelos à população para que evitem as zonas costeiras por forma a não perturbar a segurança. Apesar dos pedidos, muitos curiosos inistem em ver a força do mar, concentrando-se junto às barreiras colocadas pelas autoridades que se encontram a monitorizar a zona.
Às 18h, responsáveis da autarquia vão reunir-se com a população e com representantes dos espaços concessionários "para encontrar um caminho
comum para reivindicar uma solução para esta situação", segundo o vereador Rui Jorge Martins, para quem esta situação poderia ter sido minimizada se o programa anual de recarga de areias não tivesse sido interrompido.
"O INAG lançou um programa de recarga das areias em 2006, que servia para amortecer a força do mar e que era fundamental para não colocar esta zona em perigo. Mas o programa foi suspenso em 2010", lembrou. O programa tinha como objetivo colocar artificialmente areia nas praias que vão sendo retiradas no inverno.
A preia-mar da madrugada deixou igualmente estragos em caves e garagens na avenida central junto à Praia do Furadouro, em Ovar, que tem sido atingida pela agitação marítima nas últimas semanas. Na praia de Moledo, em Caminha, o paredão ficou destruído. A força do mar arrancou pedras de grandes dimensões.
Oito barras interditas
A Marinha pede a todos os tripulantes de embarcações de pesca e de recreio para " redobrar a atenção no cumprimento de todos os procedimentos e regras de segurança no mar" e aconselha à população em geral que "evite aproximar-se das zonas costeiras, nomeadamente falésias, praias ou molhes portuários expostos à intempérie marítima".
Fechadas à navegação as barras marítimas de Caminha, Vila Praia de Âncora, Esposende, Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Douro, Figueira da Foz, São Martinho do Porto. Aveiro condicionada, não permite embarcações inferiores a 35 metros.
Termómetros a descer
Quanto às temperaturas, o IMPA aponta para uma descida gradual das mínimas entre hoje e domingo. Períodos de chuva são uma constante para todo o Continente e Madeira, só escapando os Açores.
No norte e centro, os aguaceiros, por vezes fortes, poderão ser de granizo e há possibilidade de trovoada, diminuindo de intensidade e frequência a partir do final da tarde, acompanhados de vento fraco a moderado (10 a 25 km/h) do quadrante oeste, soprando temporariamente moderado (25 a 35 km/h) nas terras
altas. Está prevista queda de neve acima de 800/1000 metros.
Guarda é o distrito mais frio, com 5ºC de máxima e 2ºC de mínima - que amanhã é provável que desça aos -2ºC. Os termómetros não deverão ultrapassar hoje as máximas de 8ºC em Viseu e Bragança e 9ºC em Vila Real.
Para Lisboa e Porto prevê-se uma temperatura de 12ºC. Faro poderá chegar aos 16ºC, a temperatura mais quente do país. Nos Açores, rondam os 14ºC e 15ºC e na Madeira os 10ºC e 14ºC.
Neve corta estradas na Madeira
Segundo o IPMA, os aguaceiros na Madeira serão de neve acima de 1200/1400 metros e deverão diminuir de intensidade e frequência a partir da tarde. Além da agitação marítima, o vento é a preocupação, que deverá soprar moderado a forte (30 a 45 km/h) de noroeste, com rajadas da ordem de 70 km/h, embora forte a muito forte (40 a 60 km/h) com rajadas da ordem de 90 km/h nas terras altas, rodando para norte a partir do início da manhã.
Há dez estradas encerradas na Madeira por causa da neve que caiu durante a noite de sexta-feira nos pontos mais altos do arquipélago.
"Os nossos equipamentos no Pico do Areeiro, situados nos 1800 e 1500 metros registaram queda de neve durante a noite", disse à Lusa Vitor Prior, diretor do Observatório Meteorológico do Funchal, sublinhando que "a última vez que houve uma queda de neve significativa na Madeira foi em março de 2011, a partir dos 700-800 metros de altitude".
De acordo com informação disponibilizada no site do serviço regional da Proteção Civil, encontram-se encerrados ao trânsito os acessos: ER 103 - Entre o Terreiro da Luta e o Poiso; ER 202 - Entre o Poiso e Pico do Arieio; ER 203 - Estrada das Carreiras acima do Restaurante Abrigo do Pastor atè ao Poiso; ER 103 - Entre o Poiso e o Ribeiro Frio; ER 110 - Entre a Portela e o Porto da Cruz (Serrado); ER 110 - Junto ao cemitério novo do Porto da Cruz; ER 202 - Entre o entroncamento com a ER 110 (Quatro Estradas) e o Poiso; ER 215 - Meia Serra; ER 105 - Entre a Encumeada e o Lombo do Mouro; ER 209 - Entre a Levada do Poiso e o Paúl da Serra.