A Direção da Organização Regional do Porto do PCP alerta que o regresso do estado de emergência e a imposição do recolher obrigatório medidas pedidas esta terça-feira, numa “ação concertada entre autarcas do PS do Grande Porto”, “agravariam ainda mais os problemas económicos e sociais” que as famílias e muitas PME já enfrentam, “sem contribuírem para o combate ao surto”.
“O que estamos a assistir é uma competição entre autarcas para ver quem vai mais longe nas restrições, no alarmismo e na propagação do medo”, refere o PCP/Porto em comunicado, que lembra que o despique é um problema já verificado há meses “quando os presidentes de Câmara se atropelaram a alugar hotéis e montar hospitais de campanha em todo o lado”. De acordo com os comunistas, as medidas foram tomadas “sem qualquer articulação com entidades sanitárias nem ajustamento com a realidade”, tendo-se “comprovado depois serem desnecessários”.
A censura do PCP surge em resposta à posição da Proteção Civil do Distrito do Porto, liderada pelo socialista Marco Martins, presidente da Câmara do Gondomar, que, após reunião com os autarcas locais, avançou que “houve unanimidade dos presidentes de câmara quanto à necessidade do estado de emergência”. Marco Martins defendeu ainda, em nome dos autarcas, ser favorável à medida de recolher obrigatório no distrito que conta com “110 surtos, 44 dos quais em lares”.
Apesar de todos os municípios da Área Metropolitana do Porto integrarem o mapa dos 121 concelhos em semi-confinamento a partir desta quarta-feira, o PCP está contra a “forma concertada” como os autarcas “alarmam, falam de preocupações e do aumento de casos, reclamam restrições e limitações, mas não fazem nenhuma crítica “ao que não foi feito e devia ter sido feito”.
“Na prática querem esconder e branquear a falta de respostas do governo para o reforço do SNS, em particular dos hospitais do distrito”, salientam os comunistas, apesar de reconhecerem que “é verdade que há um problema de capacidade de acolhimento de doentes nos hospitais” e ainda de falta profissionais. “Esta realidade está identificada há tempo suficiente para que fossem tomadas medidas”, nota Jaime Toga, medidas que o responsável pela Organização Regional do PCP do Porto recorda foram propostas pelo PCP no “Plano Nacional de Emergência para o Serviço Nacional de Saúde” apresentado na Assembleia da República, no final da primeira vaga, em maio, e que “foram chumbadas pelo PS, PSD e CDS”, em junho.
“O plano apresentava medidas para o reforço de camas e de profissionais de saúde com agilização de procedimentos e, ainda, reforço das equipas de saúde pública”, refere ao Expresso Jaime Toga, lembrando que, ao longo dos últimos anos, “vários hospitais públicos encerraram centenas camas no país, razão pela qual “os hospitais espaço para “as reabrir”, desde que haja “haja vontade política e reforço de profissionais de saúde para responder ao aumento de camas”.
Há espaço para mais camas nos hospitais públicos
“O que os autarcas não disseram e é efetivamente preciso é o reforço das camas hospitalares, das equipas de cuidados intensivos e a resposta na área da Saúde Pública onde faltam centenas de profissionais, designadamente médicos, enfermeiros e outros técnicos”, acrescenta a direção do partido, que critica ainda os autarcas que adiantam que as escolas são foco de infeção, “mas escondem as suas próprias responsabilidades na falta de auxiliares suficientes para garantir as condições de higienização e limpeza necessários”.
“O caminho que se impõe para a região e para o país é o do reforçar o SNS, de assegurar a proteção individual e fazer a pedagogia da proteção, de forma a dinamizar as atividades económicas, sociais, culturais, desportivas”, conclui o partido.
A “sobrelotação” dos transportes públicos na Área Metropolitana do Porto é também visada nos reparos do PCP/Porto. Para garantir as medidas sanitárias nos autocarros, Jaime Toga avança que o partido, em situações excecionais como a atual admite a contratualização com privados para o reforço de carreiras, caminho que, frisa, “está assumido no distrito face à ausência de viaturas da STCP, mas de forma insuficiente”.
Jaime Toga aponta ainda como solução o recurso por parte da STCP a autocarros do serviço de excursões, que com a queda de turistas “podem ser afetos ao serviço regular de passageiros”.
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