No final de abril, a nave espacial Starship explodiu quatro minutos após ter descolado sobre as instalações da SpaceX em Boca Chica, no Texas. Na sequência da explosão, uma série de grupos ambientalistas decidiram processar a Administração Federal da Aviação dos EUA (FAA, na sigla em inglês) por esta agência não ter investigado de forma adequada os potenciais danos que o lançamento poderia causar no ambiente.
Uma decisão desfavorável para a FAA neste processo poderá complicar os planos da empresa detida por Elon Musk e até da própria NASA, que planeia utilizar a Starship para as suas futuras missões lunares, a começar já em 2026.
No pior dos cenários, um tribunal federal poderá exigir uma nova avaliação ambiental cuja duração se pode estender entre “dois e cinco anos”, referiu à Reuters Jamison Colburn, professor na Faculdade de Direito da Universidade de Penn State.
Para os grupos ambientalistas, a FAA violou a lei federal ao permitir a expansão das operações na base da SpaceX em Boca Chica sem exigir o estudo completo de impacto ambiental que normalmente antecede grandes projetos deste tipo. Como resultado, o ruído, a poluição luminosa, os destroços da explosão e o tráfego rodoviário estão a degradar os ecossistemas locais, que albergam várias espécies em vias de extinção como jaguarundis e tartarugas-de-Kemp e são críticos para os padrões migratórios de várias aves marinhas.
Caso se confirme a necessidade de um estudo ambiental mais profundo, a solução poderá passar pelo estado da Flórida, mais especificamente pelo complexo de lançamento 39A da SpaceX no Kennedy Space Center da NASA. O próprio Musk disse em 2022 que essa iria passar a ser "principal base de lançamento operacional" da Starship.
Mas este local está também sujeito ao seu próprio estudo ambiental. Mais: os funcionários da NASA estão preocupados com o facto de uma explosão da Starship poder danificar as infraestruturas utilizadas para enviar os astronautas da agência para a Estação Espacial Internacional.
Outras possibilidades estão a ser estudadas, adiantou a Reuters, entre elas dois portos espaciais na Califórnia, outro no estado da Virgínia e um par de plataformas petrolíferas que Musk adquiriu em 2020 com vista a transformá-las em bases de lançamento. Nenhuma destas opções é ideal, e muitas delas também precisariam de estudos ambientais, pelo que o desfecho do processo judicial em curso é fundamental tanto para a Space X, como para as ambições espaciais dos EUA.
Texto de José Gonçalves Neves, editado por Cristina Pombo
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