Ciência

Webb investigou atmosfera de Titã, a lua de Saturno com oceanos e chuva de metano

Representação artística da superfície de Titã
Representação artística da superfície de Titã
Stocktrek Images/Fahad Sulehria

Oceanos, rios e lagos de metano cobrem a superfície de Titã, a maior das 82 luas de Saturno

Há muito que se sabia que Titã – a maior das 82 luas de Saturno – é o único corpo do Sistema Solar, além da Terra, onde existem oceanos, rios e lagos, encobertos por uma densa atmosfera. Só que, diferentemente do nosso planeta, onde a água cobre grande parte do globo, por lá o líquido que corre à superfície é composto por hidrocarbonetos, como o metano e o etano.

Os astrónomos sempre ambicionaram estudar o intrigante clima deste satélite natural, algo que agora foi possível graças ao James Webb (JWST), o potente e revolucionário telescópio espacial que fez diferentes imagens, captadas pela câmara de infravermelho próximo (NIRCam), o que permitiu investigar as nuvens de Titã, com o auxílio do Observatório Keck, instalado no Havai.

Os primeiros dados chegaram no dia 5 de novembro e foram prontamente analisados por uma equipa internacional de cientistas planetários. “Fui direto para o meu computador e comecei imediatamente a descarregar os dados. À primeira vista, é simplesmente extraordinário! Acho que estamos a ver uma nuvem”, conta Sebastien Rodriguez, astrónomo da Université Paris Cité.

Ao olhar para as diferentes imagens, um ponto brilhante no hemisfério norte de Titã rapidamente sobressaiu: trata-se de uma grande nuvem de metano. E não foi preciso esperar muito tempo para identificar uma segunda. Além disso, também foi possível identificar o Kraken Mare, um mar de metano.

“Acabámos de receber as primeiras imagens de Titã feitas pelo Webb. [São] muito excitantes! Parece haver uma grande nuvem sobre a região polar norte, perto do Kraken Mare”, refere a cientista planetária Katherine de Kleer, citada no comunicado da NASA.

Estas deteções confirmam as previsões de longa data que sugeriam que as nuvens se formariam no hemisfério norte durante o verão em Titã, quando a superfície é aquecida e os hidrocarbonetos se evaporam, formando nuvens de metano na atmosfera, que depois volta a cair sobre a superfície na forma de chuva. No fundo, é um fenómeno análogo ao ciclo da água na Terra.

Titã é também o único satélite natural do Sistema Solar que possui uma atmosfera densa (composta essencialmente por azoto) e é, juntamente com Europa e Encélado (duas luas congeladas, nas quais se supõe que oceanos possam existir sob a superfície), um dos principais candidatos a reunir condições para que qualquer tipo de forma de vida se possa ter desenvolvido.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: amcorreia@expresso.impresa.pt

Comentários

Assine e junte-se ao novo fórum de comentários

Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes

Já é Assinante?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate
+ Vistas