Sociedade

Cais Sodré a marcar tendências

23 março 2012 12:14

Bernardo Mendonça e Paula Cosme Pinto (texto), Rui Duarte Silva (fotos)

Descubra dois dos espaços do Cais do Sodré que estão a marcar tendências em Lisboa.

23 março 2012 12:14

Bernardo Mendonça e Paula Cosme Pinto (texto), Rui Duarte Silva (fotos)

 

Pensão Amor: o prédio das emoções

Há muito que Lisboa precisava de um amor assim. Cosmopolita, divertido, eclético, apimentado, artístico e boémio. É o ex-líbris da renovação do Cais do Sodré que desde 17 de novembro está a marcar o ritmo da cidade. Tem nome de pensão, mas não para dormitar. É antes um prédio multiusos, aberto de dia e de noite, que convida às emoções, a fazer compras, a tomar um copo, a ouvir música e a ver espetáculos num cenário único. Logo à entrada, na parede ao cimo das escadas, damos de caras com um desenho de uma boneca de pernas abertas. "Valéria vai levá-lo à miséria." É este o tom burlesco, picante e bem-humorado de todo o espaço. A brincar com as memórias dos tempos em que os quartos deste prédio eram alugados à hora a marinheiros e prostitutas.

Mas agora o deboche é apenas cenário. Logo no primeiro andar, do lado esquerdo, há a sala do varão com sofás tigresa para relaxar, uma livraria erótica gerida por José Pinho, da Ler Devagar, uma boutique de lingerie erótica e um cabeleireiro low-cost (Facto Fetish) que ali corta o cabelo por 17,50 euros a "estudantes, marinheiros e vadias".

Do outro lado chegamos ao bar, o local das mil e uma surpresas, onde todos os dias haverá pequenos concertos, DJ, sessões de poesia, teatro ou ópera, a partir das 18h até o fim da noite. Mais ao fundo está a zona mais glamorosa, a remeter para os cabarés forrados a veludo vermelho, dos tempos das nossas avós. Aqui pode beber um copo e petiscar ostras e ceviches peruanos. Mas há mais. Nos outros andares há acupuntura e Chi Kung, bijutarias em origami, lojas de roupa urbana (Frankenstein) e vintage (Amélie au Théâtre) e há uma videoteca LGBT do Queer Lisboa. E não ficará por aqui. É como "O Barco do Amor": Excitante e novo!

Rua Nova do Carvalho, 38, e Rua do Alecrim, 19. Aberto todos os dias, das 10h às 2h

Para as senhoras aconselha-se um mojito de frutos vermelhos, para os cavalheiros um peruano pisco-sour (€7,50)

Para as senhoras aconselha-se um mojito de frutos vermelhos, para os cavalheiros um peruano pisco-sour (€7,50)

Para as senhoras aconselha-se um mojito de frutos vermelhos, para os cavalheiros um peruano pisco-sour (€7,50)

Velha Senhora e Povo: entre o burlesco e o fado

Entertainers que dizem poesia erótica, meninas bem torneadas que dançam de peito ao léu ou pianistas e DJ que tocam melodias de outras épocas são alguns dos shows a que pode assistir. Porque beber um copo no Bar da Velha Senhora é como viajar no tempo, até ao Cais do Sodré do início do século passado. Tome nota: Os happenings burlescos acontecem religiosamente de quinta a sábado pelas 23h. Aos domingos, é a vez dos DJ. E terças e quartas o piano marca o ritmo. Os assentos de veludo vermelho e os abat-jours com franjinhas emolduram o grande nu da Velha Senhora, uma transmontana de "boas curvas" e (pouca depilação) que outrora rumou a Lisboa e se tornou na "Madame" das meninas da zona. O bar tomou-lhe o nome ocupando o rés do chão do mesmo prédio da eclética Pensão Amor. E já começou a apimentar as noites da capital não só com os shows mas também com o sugestivo "menu de preliminares", onde não falta "punheta de bacalhau" (€5,50), os clássicos "pipis" (€6,70) e o bombástico cocktail "puta fina" (€5), com rum, hortelã e morango. Na porta ao lado fica a tasca Povo, onde o fado e os petiscos típicos são o pão para a boca do povo. Os donos são os mesmos do Music Box, que apresentam mensalmente vozes desconhecidas do fado que dividirão o palco com músicos da world music. Os espetáculos (domingo e de terça a quinta, 21h) culminarão com a gravação de um CD.

Rua Nova do Carvalho, 36/38.

Abertos de terça a domingo.

Bar da Velha Senhora: das 18h às 4h. Povo: das 16h às 2h

No bar da velha senhora, sente-se na mesa do lado esquerdo, ao pé do palco, e assista na primeira fila aos surpreendentes shows burlescos

No bar da velha senhora, sente-se na mesa do lado esquerdo, ao pé do palco, e assista na primeira fila aos surpreendentes shows burlescos

No bar da velha senhora, sente-se na mesa do lado esquerdo, ao pé do palco, e assista na primeira fila aos surpreendentes shows burlescos

Texto publicado na revista Única de 3 de dezembro de 2011