Sociedade

Bolsas privadas para inverter fuga de engenheiros civis

8 agosto 2014 11:35

Isabel Paulo

Isabel Paulo

Jornalista

Para aumentar a atração pela engenharia, a Universidade do Minho celebrou com várias universidades brasileiras um protocolo, ao abrigo do qual os estudantes portugueses podem optar por concluir o 5.º ano do curso já em contexto de trabalho, em empresas do Brasil, recebendo a universidade os finalistas do outro lado do Atlântico

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Oito empresas de construção vão patrocinar durante cinco anos bolsas de estudo aos 15 melhores alunos de Engenharia Civil da Universidade do Minho. Um incentivo para travar a brutal fuga de candidatos. 

8 agosto 2014 11:35

Isabel Paulo

Isabel Paulo

Jornalista

Desde 2008 que o número de candidatos ao curso de Engenharia Civil não para de cair na generalidade das universidades e institutos politécnicos do país. Para inverter a tendência que reduziu o número de aspirantes a engenheiros em cinco anos letivos de "1600 para 250 candidatos", a Universidade do Minho (UM) decidiu negociar com empresas da região bolsas de estudo para os 15 melhores alunos que corram ao curso de mestrado naquela especialidade.

No dia em que encerra a primeira fase de candidaturas, Jorge Pais, do departamento de Engenharia da UM, refere que para o ano letivo de 2014/2015 são oito as empresas que pagarão na íntegra as propinas de 15 alunos, ao longo de todo o curso, "desde que mantenham um bom desempenho".

Entre as empresas de construção patrocinadoras estão a Ascendi, ABD, Casais, CJR, DST, Mota e Engil, Tabique e TOC Informática, que já se comprometerem a pagar bolsas de estudo a 15 novos alunos que que candidatam a Engenharia Civil nos próximos três anos letivos.

"Ao todo, a universidade garantiu 225 bolsas, no valor de 250 mil euros, mas vamos tentar elevar para 15 o número de empresas parceiras do curso que já contou com 110 a 125 candidatos/ano e caiu para 25 no ano passado", diz Jorge Pais.

Emprego garantido lá fora

Para este ano foram abertas 60 vagas, que a Universidade do Minho espera ver preenchidas, não só pelo efeito das novas bolsas como pela retoma de candidaturas ao Ensino Superior, anunciadas esta sexta-feira pelo Ministério da Educação.

Nos últimos anos, a UM tem colocado no mercado de trabalho cerca de 25 engenheiros civis por ano, "um número preocupante para o país e extremamente escasso para as necessidades da região", garante o docente.

Apesar quebra no sector ditada pela crise, tanto de obras públicas como privadas, segundo Jorge Pais não reduziu "significativamente" a procura de engenheiros. "As empresas que não faliram internacionalizaram-se e mantêm avultados volumes de negócios em África e na América Latina, em especial no Brasil", refere, lembrado que todas elas "vão para o exterior com engenheiros contratados em Portugal".

As empresas parceiras da Universidade do Minho assinaram ainda um protocolo a assegurar estágios profissionais e remunerados a boa parte dos finalistas do curso, nas áreas da construção e da reabilitação, "que tenderá a ser a maior empregadora de engenheiros civis num futuro próximo, na Europa".

Para aumentar a atração pela engenharia, a UM celebou ainda com várias universidades brasileiras um protocolo, ao abrigo do qual os estudantes portugueses podem optar por concluir o 5.º ano do curso já em contexto de trabalho, em empresas do Brasil, recebendo a universidade os finalistas do outro lado do Atlântico.

O mesmo tipo de acordo está a ser ultimado com a Colômbia e Perú.