Alfândega do Porto paga museu com receitas de feiras e congresso

Nos últimos seis anos, o Centro de Congressos da Alfândega do Porto teve um efeito de 124 milhões de euros no Produto Interno Bruto do país. No emprego, o seu impacto traduz-se numa média anual de 745 postos de trabalho. A contribuição para a riqueza do país variou entre um mínimo de 14,7 milhões (2011) até ao recorde de 24,4 milhões (2010). Em 2013, o contributo foi de 20,8 milhões de euros.

Estes resultados constam do estudo  "O impacto económico e perspetivas de desenvolvimento do Centro de Congressos da Alfândega" elaborado pela Porto Business School/(EGP) que será hoje apresentado no edifício da Alfândega.

Na avaliação do impacto económico, o relatório cita ainda a indução de uma receita fiscal anual de 4,2 milhões e um valor de 9,5 milhões de remunerações.

Recuperado para receber a cimeira ibero americana que decorreu no Porto em 1998, o espaço da antiga Alfândega conduziu a criação da AMTC - Associação para o Museu dos Transportes e Comunicações que evoluiu da gestão do museu para a de centro que acolhe congressos, feiras e exposições de forma a financiar a sua atividade. O estudo realça que a "sustentabilidade económica da Alfândega está ancorada no centro de congressos".

Congressos pagam museu

Os resultados operacionais "confirmam a tendência de solidez de rentabilidade do centro de Congressos e o défice sistemático de receitas operacionais do museu face aos custos operacionais", acentua o estudo da EGP. Entre 2007 e 2013 o centro de congressos pagou de rendas 2, 6 milhões de euros, que serviram para combater o défice do museu e financiaram obras de renovação no valor de 1,2 milhões de euros. 

A rentabilidade do centro de congressos "permite a existência de um sector cultural de elevado interesse público que, de outro modo, só existia se fosse financiado por dinheiro do Estado", diz a equipa da EGP.

O edifício acolhe como núcleos museológicos principais, o museu de automóveis antigos, os carros dos presidentes da República, o museu da Alfândega e exposição sobre as várias dimensões da comunicação.

Prémios internacionais

A Alfândega do Porto distingue-se de outros espaços concorrentes pela "localização única", inserido no núcleo classificado como património da Humanidade e "convergência de especificidades", alojando 22 espaços, constituídos por salas distintas.

Estes fatores distintivos justificam um conjunto de prémios atribuídos, em especial o de Melhor Centro de Congressos da Europa já este ano, pela Business Destination Travel Awards. Na fase final, a Alfândega esteve em despique com os centros de Dusseldorf, Genebra e Munique.

O relatório da EGP destaca a "notável estabilidade" do centro de congressos que contou, de 2007 a 2013, mais de um milhão de visitantes e acolheu 900 grandes eventos. A dimensão cultural do edifício "é uma vantagem adicional".

Evoluir para centro de negócios

A divulgação do impacto económico da Alfândega surge depois da Fundação de Serralves ter tornado público um estudo da EGP com idêntica finalidade (o efeito na riqueza do país de Serralves é de 185 milhões de euros) e numa altura em que a transformação do espaço Palácio de Cristal, a pequena distância da Alfândega, num centro multiusos, volta a figurar na agenda da cidade do Porto.

Este novo centro é, de resto, uma das ameaças que o estudo identifica, a par da concorrência dos novos hotéis de cinco estrelas, da crescente oferta cultural no Porto e a dualidade de critérios  de apoio à atividade  museológica por parte da tutela estatal.

No futuro, a  Alfândega deverá ter em conta "a criação de um centro internacional de negócios, alargando a oferta ao aluguer temporário de escritórios, implementar um espaço para co-working, adaptar uma nova oferta para o segmento de espetáculo/entretenimento e criar, no plano cultural, uma oferta de visitas guiadas, aproveitando o crescente fluxo turístico da cidade e potenciando sinergias com o museu vizinho dos Descobrimentos (Worl of Discoveries), da Douro Azul.