Sociedade

Pilar del Rio: “O que aconteceu com Cavaco não volta a repetir-se, será difícil que se reúnam tantas pessoas com tão baixos critérios”

4 março 2023 17:54

Bernardo Mendonça

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Jornalista

Nuno Botelho

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Fotojornalista

Depois de um ano intenso de celebração do centenário de José Saramago, que levou a obra do Nobel da Literatura a todo o mundo, Pilar del Rio fala do livro que assinou “A Intuição da Ilha”, sobre os dias passados em Lanzarote, e comenta os abusos da religião, o “terrorismo do machismo” e a inclusão

4 março 2023 17:54

Bernardo Mendonça

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Nuno Botelho

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Em 1992 o Governo de Cavaco vetou a candidatura da obra “O Evangelho segundo Jesus Cristo”, de Saramago, ao Prémio Literário Europeu. A este propósito a Pilar escreveu no livro “A Intuição da Ilha” que “Saramago sentiu vergonha do cerrar fileiras por parte do Governo do seu país.” Este tipo de censura do Estado português sobre a obra de um escritor seria possível hoje?
Não seria possível. Mas há muitas formas subtis para que determinados livros e ideias não concorram [a prémios]. Ouvimos no Parlamento autênticas monstruosidades que vão contra os Direitos Humanos e a Constituição Portuguesa. E não se põe em causa a liberdade [de expressão] de ninguém. O que se passou não voltará a repetir-se, porque será difícil que se reúnam tantas pessoas com tão baixos critérios e com uma consciência moral tão pequena. Poderá gostar-se ou não gostar de um livro, mas em sede parlamentar ir contra as decisões tomadas por instituições livres como a Universidade de Lisboa, o PEN Clube Português ou a Associação de Escritores, não vai repetir-se. Foi uma lição muito bem aprendida e uma vergonha mundial. Tempos depois, Durão Barroso, enquanto primeiro-ministro, pediu desculpas a Saramago, em São Bento.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.