25 dezembro 2022 18:29

tuomas a. lehtinen
Pequim confirma estruturas, mas garante que servem apenas para ajudar chineses no estrangeiro
25 dezembro 2022 18:29
Sem surpresa, a China começou por negar tudo. As esquadras ilegais, espalhadas por 50 países, sobretudo da Europa e América do Norte, eram uma invenção do Ocidente. Porém, a narrativa oficial acabou por ser mudada e suavizada há poucos dias, sempre pintalgada por tons patrióticos: o Governo de Pequim assumiu que “mantém uma rede de esquadras de polícia de serviço” no estrangeiro criadas “por grupos de chineses apaixonados no exterior” e dirigidas por “voluntários comprometidos com a diáspora”, mas não por agentes chineses. E desmentiu que estes elementos obrigassem imigrantes contestatários do regime, ou com problemas legais, a regressar a casa. Estas esquadras, no jargão do Império do Meio, limitam-se a “ajudar os cidadãos chineses que não puderam deslocar-se ao país durante a pandemia do novo coronavírus para poderem fazer exames médicos e renovar as cartas de condução”.
A versão oficial não convence o Ocidente e depois do anúncio da abertura de várias investigações criminais em 14 países, incluindo Portugal, o Parlamento Europeu (PE) aprovou recentemente uma resolução sobre o respeito dos direitos humanos na China. É no ponto 18 que a questão das esquadras ilegais vem à baila. Os eurodeputados, entre eles os portugueses Pedro Marques e Isabel Santos, vieram manifestar a sua “profunda preocupação com as recentes revelações sobre a presença de esquadras de polícia chinesas no estrangeiro em numerosos Estados-membros da UE e em todo o mundo”. E apelam a que a Comissão Europeia, o Conselho Europeu e as “agências nacionais de aplicação da lei” assegurem, “com urgência”, uma “boa coordenação”, de modo a “lançar luz sobre estas práticas”, tomar “as medidas adequadas” e “encerrar todas as esquadras de polícia chinesas no estrangeiro”. Querem também que a União Europeia e os seus Estados-membros, em coordenação “com parceiros com os mesmos interesses”, a “identificarem e encerrarem quaisquer vias que facilitem as campanhas de repressão transnacional da China, em particular contra membros da sua diáspora”.