Sociedade

“Éramos felizes”: o marido está na guerra, ela fugiu com os filhos para cá e a família rachou. Este é o Natal mais estranho das suas vidas

24 dezembro 2022 16:26

Bernardo Mendonça

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Jornalista

Tiago Miranda

Tiago Miranda

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Fotojornalista

Mila chegou em abril com os filhos, Katerina e Artem. O marido, Roman, na imagem do telemóvel, ficou na Ucrânia a combater

São milhares os refugiados ucranianos que por causa da invasão russa vão passar pela primeira vez os festejos natalícios em Portugal, longe dos seus. Conheça algumas destas histórias

24 dezembro 2022 16:26

Bernardo Mendonça

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Tiago Miranda

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O pequeno Artem mostra no ecrã do telemóvel uma imagem do pai, Roman, de 41 anos, trajado à militar numa pausa do cenário de guerra onde se encontra a combater a ofensiva russa em solo ucraniano. É o registo de uma videochamada que ele, de 13 anos, fez há tempos com a mãe, Mila, e a irmã, Katerina, mas chegam a passar vários dias sem saberem de Roman, visto que no terreno inóspito onde ele anda nem sempre a rede funciona ou há eletricidade. Neste momento, é apenas o telefone que os une, e a chamada de Roman é o momento mais ansiado da semana. “Queremos saber se ele está bem, se está vivo. É assustador preocuparmo-nos com isso. No máximo, conseguimos falar com o meu marido uma vez por semana, durante breves 15 ou 20 minutos. Às vezes menos. Chegam a passar duas semanas sem recebermos uma única chamada, porque ele está no epicentro da guerra, onde as tropas inimigas atiram, matam, queimam, as pessoas morrem, não há eletricidade e passa-se muito frio nas casas”, explica Mila, de 41 anos, de olhos no chão e em tom angustiado.

Esta família está partida ao meio desde abril. Mal as primeiras bombas caíram em Kiev, Mila decidiu, com o marido, que o perigo era demasiado alto e que seria melhor sair do país com os filhos e seguir para a região mais longínqua do mapa: Portugal. Ela e os filhos atravessaram a fronteira com a Polónia e depois seguiram para cá com a ajuda da Cruz Vermelha. Roman alistou-se para combater o inimigo. Só não esperavam que a situação se estendesse por tanto tempo. “Quando deixámos a casa em Kiev, pensámos que seria no máximo por um mês, já passaram oito. Tememos que se transforme numa nova guerra dos 100 anos.”

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.