1. Prática de exercício físico diminuiu e peso aumentou: a culpa é da pandemia?
Num ano ainda marcado pela pandemia de covid-19, o bem-estar físico e emocional dos jovens diminuiu. Ganharam peso, fizeram menos exercício físico e viram a saúde mental deteriorar-se. Por outro lado, reduziram o consumo de álcool e de tabaco para níveis abaixo da média europeia.
O aumento das taxas de excesso de peso e obesidade tem vindo em crescendo, entre os adolescentes, “na última década”. Segundo a OCDE, em 2018, “mais de um em cada cinco jovens de 15 anos tinha excesso de peso ou era obeso”. Significa que, em Portugal, 22% dos jovens desta idade têm excesso de peso ou obesidade, um valor acima da média europeia (19%). Estes valores podem estar relacionados com as baixas taxas de exercício físico praticado pelos adolescentes.
De acordo com este relatório, apenas 5% das raparigas com 15 anos afirmaram praticar desporto “moderado” todas as semanas, enquanto nos rapazes a percentagem sobe para os 12%. Ambos os valores estão entre os “mais baixos” da UE onde a média está nos 10% para as raparigas e nos 18% para os rapazes.
A falta de exercício físico pode ter consequências também para a saúde mental dos mais jovens. A OCDE realça que ambas as dimensões estão “intimamente relacionadas” e defende que “a atividade física é um fator protetor da boa saúde mental”. E, consequentemente, “pouca atividade física pode contribuir para problemas de saúde mental em crianças e adolescentes” - uma boa pista para quem queira recuperar.
Contudo, a obesidade não é um problema que afeta apenas os adolescentes. Pelo contrário, é considerado um “problema de saúde pública crescente em todas as faixas etárias”. Também nos adultos a taxa de obesidade era de 17% em 2019, um valor ligeiramente superior à média europeia (16%). A par do consumo de álcool e da falta de exercício físico, a obesidade é considerada um dos “principais fatores” para a mortalidade em Portugal.
2. Preocupação com o futuro motiva “sofrimento psicológico”
Os jovens, as mulheres, os desempregados e as pessoas com baixos rendimentos foram os que mais sofreram quando falamos de saúde mental. A faixa etária entre os 18 e os 29 anos apresentou uma taxa de “sofrimento psicológico” entre o “moderado” e o “grave”.
Entre as razões que levaram a esta degradação da saúde mental dos jovens, o relatório destaca as “preocupações com o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, a insegurança relativa ao emprego e ao rendimento e a perda do apoio social”. A situação dos jovens portugueses assemelha-se à dos europeus da mesma idade, que apresentaram sintomas de depressão 50% acima da generalidade da população, segundo o relatório comparativo da situação de saúde na Europa da OCDE, com dados referentes a 2020 e 2021.
3. Nem tudo são más notícias: os jovens portugueses fumam menos do que os restantes europeus
O tabaco faz cada vez menos parte do dia-a-dia dos jovens em Portugal e nos restantes países da UE. Em 2018, apenas 11% dos jovens portugueses com 15 anos afirmaram ter fumado cigarros no último mês, um valor inferior à média europeia (18%) e ao ano de 2014 (16%). Contudo, há um conjunto de novos produtos com nicotina a “emergir”: o tabaco aquecido e os cigarros eletrónicos. Estes equipamentos podem explicar o ligeiro aumento de consumo verificado em 2019 em Portugal (14%) e nos restantes países da UE (21%).
4. Só os nórdicos bebem menos do que os portugueses – e o número está a descer
O consumo de bebidas alcoólicas entre os jovens portugueses tem vindo a diminuir “gradualmente”. Os jovens com 15 anos que afirmaram já ter atingido “estados de embriaguez” pelo menos “uma vez na vida”, em 2018, foi “relativamente baixa” (14%) quando comparado à média europeia (24%).
Quando o espaço temporal reduz, os valores aumentam. Mais de um terço (37%) dos adolescentes europeus afirmaram ter tido um episódio de embriaguez “nos últimos 30 dias”, em 2019. Analisando país a país, Portugal fica-se pelos 24%, o terceiro valor mais baixo da UE, apenas atrás da Finlândia (22%) e da Suécia (20%).
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