Inaugurado há 20 anos, o metro começou a operar com apenas uma linha de 12 quilómetros entre as estações Senhor de Matosinhos e Trindade, após uma década em que foi motivo de anedotas, como "o metro de papel" ou "o centímetro". Em entrevista ao Expresso, Fernando Gomes, presidente do Conselho de Administração da SAD do FC Porto, afirma que a rede atual em operação, num total de 67 quilómetros, já foi mais longe do que alguma vez imaginou, e está convicto que o projeto da nova ponte sobre o Douro e da segunda linha de metro para Gaia é demasiado importante para que não se realize até 2026.
O Metro do Porto celebra 20 anos de circulação. Lembra-se de como surgiu a ideia em que quase ninguém acreditava?
Muito bem. É preciso recuar à minha candidatura à Câmara do Porto em 1989 para se entender que o sistema de transportes públicos no Porto era do mais primitivo que se possa imaginar. A maioria das pessoas pode já não se recordar, mas quem vinha de Vila Nova de Gaia em direção ao Porto, de manhã, abandonava os autocarros na Avenida da República ou em cima da Ponte D. Luís I e vinha a pé, porque as viaturas não conseguiam entrar na cidade. O trânsito encravava diariamente. Estamos a falar do maior número de deslocações casa-trabalho-trabalho casa na Área Metropolitana do Porto (AMP).
Era o garrafão diário.
O trânsito bloqueava diariamente. E o mesmo acontecia para quem vinha de Matosinhos em direção ao Porto. A rotunda da Boavista era outro nó inultrapassável, com os automobilistas parados durante meia hora. Era necessário de facto um sistema de transporte público de alta capacidade. Quando se começou a analisar alternativas do ponto de vista técnico, chegou-se à conclusão que só havia uma: um metro que não fosse convencional, pois, se fosse todo enterrado, o investimento não se justificaria por se tratar de linhas muito extensas, como a de ligação à Póvoa de Varzim ou ao limite do concelho da Maia. Ou seja, tinha de ser um transporte misto, aquilo a que chamamos na altura o metro ligeiro. Foi uma ideia que sabíamos desde logo iria ser politicamente contestada...
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