Sociedade

Um dia, escreveu num papel: “Chegou o momento”. Foi sedado, retiraram-lhe a ventilação, morreu: em Portugal há quem antecipe o fim da vida

18 novembro 2022 22:33

Anualmente, 100 mil portugueses precisam de cuidados paliativos mas só 30% têm acesso

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Doente pode recusar os suportes que possibilitam prolongar a vida. Desconhecimento é o único entrave

18 novembro 2022 22:33

Chegou-nos com o diagnóstico de esclerose lateral amiotrófica. Advogado, com testamento vital feito, quis falar de tudo logo na primeira consulta. Foi direto. Não queria viver dependente nem com qualquer suporte e, quando deixasse de deglutir, ser sedado até ao fim. E foi. Um dia, escreveu num papel: ‘Já não consigo comer. Chegou o momento.’ Foi colocado sob sedação e sem suporte ventilatório. A dose não foi letal, mas, dada a sua situação, morreu no dia seguinte.” A história é contada por uma enfermeira de cuidados paliativos, passou-se no Alentejo e é uma de várias que já vão sendo escritas por portugueses que decidem o seu fim de vida. Catarina Pazes tem lido algumas: “Não matamos o doente, possibilitamos a morte quando ela vem.”

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.