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Investigações nas doenças Lúpus e Alzheimer dão bolsas no valor de 100 mil euros

Investigações nas doenças Lúpus e Alzheimer dão bolsas no valor de 100 mil euros
irwan iwe/Unsplash

Patrícia Costa Reis e Tiago Gil Oliveira venceram a Bolsa D. Manuel de Mello, nas edições de 2021 e de 2022, respetivamente

A investigadora na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, Patrícia Costa Reis, e o investigador na Escola de Medicina da Universidade do Minho, Tiago Gil Oliveira, venceram a Bolsa D. Manuel de Mello, nas edições de 2021 e de 2022, respetivamente, deste prémio de incentivo à investigação para jovens médicos, atribuído pela Fundação Amélia de Mello, em parceria com a CUF.

Cada um dos distinguidos recebe 50 mil euros, um montante que servirá para financiar os seus projeto de investigação. Os prémios são entregues esta sexta-feira, dia 11 de novembro, às 11h00 no auditório do Hospital CUF Tejo, em Lisboa, numa cerimónia que deverá contar com a presença da secretária de Estado da Promoção da Saúde, Margarida Tavares.

Patrícia Costa Reis recebe o prémio de 2021 (que não foi entregue por causa da pandemia de covid-19) para desenvolver o projeto de investigação ‘Dieta, microbiota e permeabilidade intestinal no Lúpus’, cuja finalidade é avaliar os hábitos alimentares, a atividade física, a composição corporal, a microbiota (conjunto dos microorganismos que residem nos tecidos e fluidos humanos) e a permeabilidade intestinal (propriedade das membranas do trato intestinal em permitir a absorção de diferentes macromoléculas orgânicas, como hidratos de carbono ou proteínas) de doentes com a doença autoimune Lúpus e comparar os resultados obtidos com os de pessoas saudáveis.

Segundo a nota de imprensa conjunta da Fundação Amélia de Mello e da CUF, “a investigadora pretende aprofundar o conhecimento existente da doença e assim contribuir para o desenvolvimento de novas formas de a tratar.

O Lúpus é uma doença autoimune com grande impacto na vida dos doentes. Segundo dados disponíveis no site da Associação de Doentes com Lúpus, trata-se de uma doença crónica e potencialmente incapacitante que afeta mais de 500 mil pessoas na Europa. A causa do Lúpus é desconhecida, não há cura e pode afetar homens, mulheres e crianças, embora 90% dos doentes sejam do sexo feminino. De acordo com o comunicado sobre os prémios, esta doença “é uma das dez principais causas de morte não-traumática em mulheres jovens e associa-se a dor crónica, insucesso escolar, desemprego e menor qualidade de vida”.

Por sua vez, Tiago Gil Oliveira vence a edição de 2022 com o projeto de investigação ‘Determinantes da neuropatologia da doença de Alzheimer em ressonância magnética cerebral’, cuja finalidade é identificar novos métodos que permitam, através deste exame, obter um diagnóstico mais preciso da doença, comparativamente com outras patologias neurodegenerativas.

A doença de Alzheimer é condição neurodegenerativa com maior incidência a nível mundial e manifesta-se através de défices cognitivos e pela presença de acumulações de proteínas específicas no cérebro, que estão associadas à atrofia de determinadas regiões deste órgão, como o hipocampo, que é importante para a memória e para a aprendizagem.

Na mesma nota de imprensa, os promotores da bolsa de investigação indicam ainda que “um dos grandes desafios do diagnóstico da doença de Alzheimer passa por identificar métodos e biomarcadores que revelem direta ou indiretamente o grau de acumulação destas proteínas específicas” e é a isso que se dedica Tiago Gil Oliveira.

De acordo com a Associação Portuguesa de Familiares e Amigos dos Doentes de Alzheimer, a Organização Mundial de Saúde estima que em todo o mundo existam 47,5 milhões de pessoas com demência, número que pode atingir os 75,6 milhões em 2030 e quase triplicar em 2050 para os 135,5 milhões. Com a doença de Alzheimer a assumir um lugar de destaque, representando cerca de 60 a 70% de todos os casos de demência.

A Bolsa D. Manuel de Mello foi criada em 2007 e destina-se a premiar jovens médicos que desenvolvam projetos de investigação clínica, no âmbito das unidades de investigação e desenvolvimento das Faculdades de Medicina portuguesas. A “Este é o maior prémio nacional de incentivo à investigação para jovens médicos, que ambicionam encontrar as melhores práticas clínicas ao serviço dos doentes e, deste modo, possam contribuir para a melhoria contínua dos cuidados de saúde”, indicam as entidades responsáveis.

Podem candidatar-se médicos até aos 40 anos (embora este critério seja meramente indicativo), que desenvolvam projetos de investigação de forma individual ou integrados em equipas e que não tenham sido contemplados com a bolsa em candidaturas anteriores. São aceites projetos de investigação com a duração máxima de três anos.

O júri é composto por pelo presidente do Conselho de Administração da CUF (cargo desempenhado por Salvador de Mello), que preside ao comité que inclui representantes dos conselhos científicos das faculdades de medicina de Coimbra, Lisboa, Porto, Minho, Beira Interior e Algarve, um membro do conselho científico do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar da Universidade do Porto, outro do conselho científico da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa e o presidente do Conselho Médico da CUF.

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