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Parte de foguetão chinês reentrou descontrolado na atmosfera e cruzou espaço aéreo ibérico. Espanha suspendeu vários voos

Parte de foguetão chinês reentrou descontrolado na atmosfera e cruzou espaço aéreo ibérico. Espanha suspendeu vários voos
Future Publishing/Getty Images

A fricção com a atmosfera terrestre deve fazer com que o módulo do lançador Long March 5B, largado numa órbita errática, se desintegre durante a reentrada, mas alguns fragmentos podem mesmo atingir a superfície a 28 mil km/h

A reentrada descontrolada a 28 mil km/h de uma parte de um foguetão chinês na atmosfera levou as autoridades espanholas a suspender esta sexta-feira vários voos nos aeroportos de Barcelona, Tarragona, Ibiza e Reus, avançou o diário “El País”.

Entretanto, depois de ter girado várias vezes em redor da Terra e ter cruzado o espaço aéreo espanhol durante cerca de uma hora, o objeto fez a entrada na atmosfera no Pacífico Sul, confirmou o Comando Espacial dos EUA.

“O foguetão Long March 5B, da República Popular da China, reentrou na atmosfera sobre o centro-sul do Oceano Pacífico às 10h01”, escreveu o Comando Espacial dos EUA no Twitter.

O lançador Long March 5B mede 30 metros e pesa 20 toneladas no total, mas a fricção deve fazer com que o módulo que foi largado numa órbita errática se desintegre ao reentrar na atmosfera. No entanto, alguns fragmentos podem atingir a superfície e o local do impacto é bastante imprevisível.

O risco de que pedaços do módulo do foguetão, lançado em 31 de outubro, caíssem sobre Espanha fez com que as autoridades do país vizinho suspendessem, por precaução, vários voos.

Esta não é a primeira vez que a reentrada descontrolada de um foguetão chinês coloca o mundo em sobressalto. Basta recuar até 30 de julho para encontrar uma situação idêntica, envolvendo também a queda do que restava de um Long March 5B.

“A lógica destes lançadores chineses é que tenham a capacidade para colocar em órbita uma carga até 25 toneladas. Depois, o lançador fica numa órbita baixa, a 300 ou 500 quilómetros de altitude”, explicou em julho o astrofísico Rui Agostinho, em declarações ao Expresso.

Estes foguetões chineses “ficam sempre a gravitar à volta da Terra, mas a embater contra a microatmosfera, o que os vai travando e, uma vez esgotado o combustível todo, não é possível controlar a reentrada”, detalhou Rui Agostinho. Ou seja, “andam lá por cima, sem nenhum sistema de controlo, ao deus-dará”, alertou o investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.

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