29 outubro 2022 21:30

A escritora dedicou os últimos dois anos a escrever um novo romance, a partir de um pedido da sua mãe pouco tempo antes de morrer. Confinada num lar de idosos, Maria dos Remédios desejou que a obra se chamasse “Misericórdia”, para que as pessoas tivessem um maior entendimento e compaixão entre si
29 outubro 2022 21:30
Lídia Jorge dedicou os últimos dois anos a escrever um novo romance, a partir de um pedido da sua mãe pouco tempo antes de morrer. Confinada num lar de idosos, Maria dos Remédios desejou que a obra se chamasse “Misericórdia”, para que as pessoas tivessem um maior entendimento e compaixão entre si, com mais humanidade e empatia. Que diz faltar no discurso governamental num momento em que as pessoas sofrem com a crise que se avizinha. É no papel de conselheira do Estado que também responde.
Com a pandemia, a guerra, a inflação, o país precisa de misericórdia?
Sim, precisa. Na distribuição, na capacidade que as sociedades têm nos momentos em que há tremores fortes, como é o caso, de as classes que têm mais poder poderem olhar para as que nada têm e terem generosidade. Claro que isso não se faz por geração espontânea, mas com medidas que criem meios próprios de distribuição da riqueza, tendo em conta, sobretudo, os mais desfavorecidos. Mas há ainda outra coisa, que é a linguagem. No momento em que as pessoas estão a sofrer muito, é errado ter-se um discurso triunfalista dos números! Não vale a pena apresentar números se quando saímos à rua percebemos que há um contraste entre o discurso político e a vida das pessoas.
Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.