Sociedade

Tribunal de Contas está a analisar denúncia sobre alegadas irregularidades financeiras na Casa da Música

Foto: Xurxo Lobato/Getty Images
Foto: Xurxo Lobato/Getty Images

Denúncia revela documentos internos sobre alegados negócios que terão beneficiado empresas representadas no Conselho de Administração e no Conselho de Fundadores da Casa da Música

Uma denúncia sobre alegados negócios ilegais na Casa da Música já chegou ao Tribunal de Contas. De acordo com fonte oficial daquele tribunal, a queixa está a ser analisada por esta instituição de fiscalização e controlo de dinheiros e valores públicos.

A denúncia, que agrega diversos documentos internos da instituição portuense e se encontra disponível através de um blogue, terá chegado não só ao Tribunal de Contas mas também ao Ministério Público, Polícia Judiciária e Inspeção-Geral de Finanças. Mas até ao momento ainda não foi possível obter confirmação oficial.

O denunciante anónimo revela que enviou um conjunto de documentos a estas entidades no verão de 2021.

Ao longo de sete secções, expõe aquilo que designa de “alguns dos negócios mais lucrativos que têm beneficiado empresas representadas no Conselho de Administração e no Conselho de Fundadores da Casa da Música”.

Estes negócios, acrescenta, representam o incumprimento de legislação em, pelo menos, dois domínios: o Estatuto do Mecenato e o Código dos Contratos Públicos.

Ao longo de sete capítulos, o denunciante revela alegados contratos suspeitos com uma seguradora, um banco uma firma de advogados. O próprio blogue permite que terceiros façam denúncias sobre possíveis irregularidades da instituição.

Em comunicado, a Casa da Música esclarece que a informação transmitida a respeito da denúncia anónima é conhecida pela Fundação Casa da Música, uma vez que deu origem a uma denúncia (do mesmo teor e também anónima) que foi transmitida à instituição, para efeitos de pronúncia, pelo Tribunal de Contas, no final do ano de 2021, e “reportada a factos pretensamente ocorridos no período 2009-2021”, não tendo sido, até ao momento, a Fundação notificada de qualquer diligência do Ministério Público a respeito da mesma informação.

“A Fundação pronunciou-se sobre os vários casos que foram apresentados, prestou ao Tribunal de Contas todos os devidos esclarecimentos e juntou a documentação de suporte à contratação de fornecimentos e serviços, bem como às relações de patrocínio e mecenato que mantém”, acrescenta.

Além disso, a Casa da Música alega que teve ocasião de demonstrar, na instância própria, que a escolha dos prestadores de serviços partiu de escolhas e análises concorrenciais e de eficiência económica. “Por essa razão, a contratação de serviços às empresas referidas na denúncia não constituiu, para aquelas, um benefício indevido, uma vez que apenas foram remuneradas pelos serviços efetivamente prestados e por valores competitivos”. Também por essa razão, a Fundação “não suportou qualquer prejuízo económico na contratação dos serviços. Realça-se, uma vez mais, que as relações mecenáticas (bem como as de patrocínio) não condicionam, determinam ou influenciam a escolha dos prestadores de serviços da Fundação”.

O comunicado adianta que a Fundação mantém relações contratuais de mecenato e relações contratuais de patrocínio, “sendo que a denúncia trata indistintamente os dois tipos de relação”, e uma análise à divulgação que a Fundação faz dos seus Mecenas e “uma comparação, igualmente simples, das condições publicitárias reconhecidas aos patrocinadores de eventos, programação ou obras, é o suficiente para demonstrar cabalmente a distinção que preside aos dois tipos de apoios financeiros que a Fundação recebe e à divulgação que uns e outros têm: meramente institucional, no caso dos Mecenas, promocional (de marcas, serviços ou produtos) no caso dos patrocinadores”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: HFranco@expresso.impresa.pt

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