Além de diretor da PJ, Luís Neves é um advogado inscrito na Ordem com a atividade suspensa “a pedido”. Se dependesse da vontade do bastonário, o homem que dirige a polícia que investiga os casos criminais mais complexos seria alvo de um processo disciplinar. “Um advogado que acuse os colegas de terrorismo tem de ser alvo de um processo disciplinar. No meu entender, há matéria paras isso. Mas não me cabe a mim decidir. Será o Conselho Deontológico de Lisboa a fazê-lo”.
Alexandra Bordalo Gonçalves, presidente deste órgão, confirma que na sequência da participação do bastonário, “foi instaurado um processo liminar que poderá, ou não, dar origem a um processo e serei eu a decidir". Esta advogada diz não ter ainda a decisão tomada, mas considera as criticas de Luís Neves “gratuitas” uma vez que “não chegou ao conselho Deontológico qualquer participação do Ministério Público ou dos tribunais a denunciar manobras dilatórias dos advogados”.
Numa entrevista ao Observador, Luís Neves apontou o dedo aos advogados que praticam “terrorismo judiciário, com recursos permanentes e incidentes processuais que entorpecem os autos”. Já depois de o bastonário ter avançado com uma participação disciplinar, Neves declarou à Lusa que “ninguém” o “calará” porque tem “a obrigação de agitar as águas”.
Esta quarta-feira, Menezes Leitão usou o Facebook para voltar ao tema e criticar o diretor da PJ: “Tem que perceber que a sua função não é agitar de águas e que se a sua cédula profissional lhe deu trabalho a conquistar, também lhe dá trabalho a manter. Se quer manter-se como advogado tem que cumprir os deveres deontológicos da advocacia".
Ao Expresso, recusar estar a fazer qualquer ameaça. “Não é sequer um aviso. Reitero que qualquer advogado tem de cumprir os deveres da profissão”
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