Sociedade

Teletrabalho: Rita despediu-se sem ter um plano B na carteira. Como muitos portugueses, voltar ao escritório como dantes não é uma opção

16 outubro 2022 17:46

Rita Fonseca, 43 anos, está à procura de emprego, mas só disponível para ofertas em regime híbrido ou remoto

nuno botelho

Comportamento. Muitas empresas estão a impor o regresso ao trabalho presencial, gerando mal-estar entre os trabalhadores

16 outubro 2022 17:46

Depois de ano e meio a trabalhar à distância, Sónia Gouveia não se conformou com o regresso ao trabalho presencial imposto pela chefia. A decisão, anunciada em setembro do ano passado, foi “muito mal recebida” pela maioria dos funcionários da empresa onde era responsável pela área da formação e seleção. Ainda falou com os Recursos Humanos, mas a administração foi inflexível, não permitindo que ficasse sequer um dia por semana em casa. “Sentimo-nos frustrados e desiludidos”, lembra. Três meses depois, decidiu sair. “Despedi-me, mesmo sem ter nenhuma outra oferta de trabalho em vista.”

Não aceitou voltar ao que era o inferno diário da sua vida antes da pandemia, quando “perdia horas no trânsito” entre Lisboa e a Margem Sul, onde vive. Raramente conseguia ir buscar o filho a horas e não tinha tempo para mais nada. “Andava stressada, mas não sabia que era possível viver e trabalhar de outra maneira. Com o teletrabalho, percebi que sim. Conseguia transformar o tempo perdido em deslocações em tempo ganho para outras coisas, como ir ao ginásio. Conciliava a vida familiar e profissional. E sem nunca sacrificar o trabalho.”