Menos de um terço dos frigoríficos velhos foram eliminados corretamente em 2020, levando à libertação de 78,6 toneladas de gases, que são equivalentes a 226 mil toneladas de dióxido de carbono, indica um estudo da associação ambientalista Zero, divulgado esta sexta-feira.
No Dia Internacional dos Resíduos Elétricos, este estudo dá conta de que a não recolha adequada dos gases de refrigeração dos frigoríficos levou à libertação do equivalente a 2,6 milhões de viagens de carro entre Lisboa e Porto,
Muitos dos gases de refrigeração utilizados nos frigoríficos possuem um elevado potencial de aquecimento global, nota a Zero, lembrando que o gás retido na espuma e nos compressores dos frigoríficos acaba por ser libertado para a atmosfera.
Dos frigoríficos que chegam às duas empresas habilitadas para os tratar e reciclar, 40% já não possuem compressor, sendo que em muitos dos casos os motores contêm pouco ou nenhum gás, uma vez que possuem os circuitos exteriores danificados.
A Zero identifica três razões para a "má gestão dos frigoríficos", entre as quais o facto de a maioria dos comerciantes não recolher o frigorífico velho quando entrega um novo.
Apesar de a lei obrigar à recolha, os dados indicam que a lei não está a ser cumprida e que só 30% dos frigoríficos usados estão a ser recolhidos e encaminhados para tratamento adequado..
Outro motivo para a má gestão, ainda de acordo com o comunicado, prende-se com o ecovalor pago por quem coloca os frigoríficos no mercado ser demasiado baixo para cobrir os custos de recolha e tratamento, e o terceiro com a falta de inspeção das empresas (sucateiros) que recebem ilegalmente frigoríficos usados e não tiram nem tratam os gases de refrigeração.
13 equipamentos eletrónicos ficam na gaveta
No Dia Internacional dos Resíduos Elétricos, o Electrão, uma das entidades gestoras de, nomeadamente, equipamento elétrico e eletrónico, divulgou também um estudo internacional que dá conta que em cada casa europeia existem em média 74 pequenos aparelhos elétricos, 13 deles fora de uso, ainda que sete deles funcionem (só não são utilizados).
O estudo, entre junho e setembro deste ano, baseou-se num inquérito em seis países: Portugal, Países Baixos, Itália, Roménia, Eslovénia e Reino Unido.
Num comunicado o Electrão cita estimativas que indicam que estão em utilização no mundo cerca de 16 mil milhões de telemóveis, com cerca de 5,3 mil milhões a ser transformados em resíduos até final do ano, ainda que só uma pequena parte seja corretamente encaminhada para reciclagem.
Além de telemóveis, outros pequenos aparelhos elétricos são muitas vezes colocados no lixo comum, perdendo-se assim materiais raros que podiam ser reaproveitados, nota-se no comunicado.
Segundo o Electrão os telemóveis lideram em Portugal o equipamento elétricos que os portugueses mais acumulam em casa sem utilizar, seguindo-se os acessórios de informática e os pequenos eletrodomésticos.
O estudo indica que o que principalmente leva os portugueses a conservar equipamento que não usa é a crença de que poderá usar esses objetos no futuro.
A propósito do dia que hoje se comemora, o Electrão desenvolveu uma instalação de equipamento elétrico na zona de Belém, em Lisboa, para alertar para a importância da reciclagem dos aparelhos elétricos usados e para o papel e a responsabilidade que cada cidadão tem nesta ação.
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