Sociedade

PJ faz buscas na GfK, empresa que mede audiências na televisão, avança CNN

PJ faz buscas na GfK, empresa que mede audiências na televisão, avança CNN
Polícia Judiciária

Em causa está suspeita de adulteração dos resultados com impacto direto no mercado publicitário. Empresa confirma buscas, diz estar a colaborar com autoridades, mas repudia “tentativa, infundada e injusta, de descredibilização”

A empresa GfK está esta terça-feira a ser alvo de buscas por parte da Polícia Judiciária. A notícia é avançada pela CNN Portugal, que indica que a investigação do DIAP (Departamento Central de Investigação e Ação Penal) de Lisboa já decorria há um ano e meio e está entregue à Unidade de Combate à Corrupção da PJ.

A multinacional especializada em estudos de mercado é a entidade responsável por medir as audiências televisivas em Portugal. Em causa estão suspeitas de adulteração de resultado com impacto direto no mercado publicitário, o que poderá constituir crime de corrupção no setor privado.

Em comunicado enviado ao Expresso, a GfK confirma as buscas e indica que “tem estado a colaborar com as autoridades, com o objetivo de repor a verdade”, acrescentando que “repudia e lamenta a tentativa, infundada e injusta, de descredibilização do sistema de medição de audiências televisivas, cujo propósito será certamente apurado”.

A empresa garante que os métodos utilizados em todos os seus estudos obedecem “a critérios de total rigor, em conformidade com os procedimentos de controle de qualidade", “regras estabelecidas para a elaboração de estudos de mercado” e “diretrizes das associações de pesquisa de mercado e sociais”.

A multinacional sublinha também que trabalha nesta área há 85 anos “atuando sempre com idoneidade, imparcialidade e em estrito e rigoroso cumprimento dos princípios de ética, sem qualquer interesse conflituante com o negócio de media em Portugal”.

O Expresso contactou também a Polícia Judiciária, que para já não faz comentários.

A abertura de um inquérito sobre esta temática, com base numa denúncia, foi confirmado pela Procuradoria-Geral da República à Lusa, em junho de 2021. O semanário Tal & Qual deu então conta de uma “guerra das audiências a ferro e fogo" e afirmou que o DIAP estaria a investigar o alegado favorecimento da SIC em detrimento da TVI.

Na altura, a SIC afirmou não ter conhecimento de qualquer investigação nem ter sido contactada neste contexto. “Tal como o resto do mercado, representado pela CAEM (Comissão de Análise de Estudos de Meios), exceto, aparentemente, a TVI, confiam no sistema de medição de audiências em vigor, algo que acontecia mesmo durante os anos em que a SIC não foi líder de audiências”.

Um ano depois, em julho de 2022, a PGR voltou a confirmar a existência do inquérito, neste caso ao semanário “Nascer do Sol”. “Confirma-se a existência de um inquérito a correr termos no DIAP de Lisboa. O mesmo encontra-se em investigação e está sujeito a segredo de justiça”, afirmou a PGR na altura em comunicado.

O mesmo jornal noticiava que Ministério Público já teria pedido dados sobre as audiências por cabo às operadoras Altice, NOS e Vodafone.

A GfK é desde 2012 a empresa responsável por realizar os estudos de audiência para a CAEM. No final de 2020, venceu novamente o concurso internacional lançado pela CAEM, ficando a tarefa adjudicada a esta multinacional até 2025.

[artigo atualizado às 18h05 para acrescentar declarações da GfK]

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