Inflação está a colocar hospitais à "beira do colapso", alerta federação europeia

"O acesso do doente já não está garantido e a segurança pode ser comprometida”, admite a federação das associações europeias de hospitais privados
"O acesso do doente já não está garantido e a segurança pode ser comprometida”, admite a federação das associações europeias de hospitais privados
O alerta é feito pela União Europeia de Hospitalização Privada (UEHP): “Os hospitais europeus estão à beira do colapso.” Depois da pandemia, é a inflação que está a ameaçar as unidades de saúde privadas, “mês após mês, com preços crescentes de bens e serviços”. A federação das associações europeias de hospitais privados admite: “O acesso do doente já não está garantido e a segurança pode ser comprometida.”
Os gestores explicam que “a inflação anual na zona Euro é de até 9,1%, com muitos países a enfrentarem valores na ordem dos dois dígitos” e pedem “uma ação europeia, comum e urgente.” A UEHP garante que “a inflação está a enfraquecer os esforços de prestação de cuidados de saúde, setor já muito fustigado pela crise de covid-19, que impôs aos hospitais grandes constrangimentos, quer no domínio dos recursos humanos, quer no regular abastecimento”. E acrescenta: “Os custos crescentes não são mais sustentáveis com alocações fixas de governos, pagadores públicos ou mesmo, em algumas situações, contratos de longo prazo com seguradoras; a inflação está a ameaçar a qualidade dos serviços médicos e a limitar o acesso.”
Portugal não fica de fora. “O impacto da inflação é brutal nos hospitais, sejam públicos ou privados, e é absolutamente essencial que o Estado, enquanto adquirente, assuma que há necessidade de rever os preços neste setor, tal como já acontece nas empreitadas”, afirma Óscar Gaspar, presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada e antigo secretário de Estado da Saúde socialista. A UEHP assegura que, “sem correlação orçamental imediata com os custos, os hospitais não podem mais cumprir a sua missão; em toda a União Europeia a situação é crítica e as instituições hospitalares nacionais, públicas ou privadas, manifestam diariamente a sua angústia”.
Os gestores pedem medidas imediatas. No caso, “uma posição pan-europeia em termos de custos e orçamentos de cuidados de saúde, um índice automático e específico dedicado à prestação de cuidados de saúde a entidades públicas e privadas, de forma a manter uma correlação direta entre custos e taxas; e considerar a Saúde como prioridade principal e específica, ajustando os orçamentos do Estado à inflação de dois dígitos, incluindo apoio financeiro e adaptação fiscal para que os prestadores possam continuar a garantir a qualidade dos cuidados”.
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