A denúncia é feita por médicos em formação no Centro Hospitalar e Universitário de Lisboa Central (CHULC): trabalham em excesso e sem o necessário apoio de especialistas, colocando em risco quem têm de socorrer nas Urgências.
Num documento enviado à administração, a que o Expresso teve acesso, afirmam que “a reconhecida pesada carga horária e a elevadíssima responsabilidade que já recai sobre os médicos internos, que são sobrecarregados com sucessivos turnos extraordinários em Serviço de Urgência e assumem muitas vezes chefia de equipa sem a presença de um elemento sénior, são motivo de preocupação e carecem de uma intervenção urgente.” Porquê? “Além de interferir com a vida pessoal, põe em causa o direito ao descanso, o que se reflete na qualidade assistencial e na segurança dos doentes.”
Internos de 19 especialidades médicas, distribuídas pelos hospitais de São José, Curry Cabral, Santa Marta, Dona Estefânia ou Maternidade Alfredo da Costa, por exemplo, sublinham que “as horas extraordinárias, como o próprio nome indica, devem ser prestadas de forma extraordinária e não para suprir as necessidades semanais e previsíveis dos serviços”, pelo que, não vão assegurar o trabalho suplementar além das 150 horas anuais definidas, mesmo com o aumento do valor por hora autorizado pelo Governo. Assim, “sempre que justificável, será entregue documento de recusa de realização de mais de 150 horas extraordinárias, bem como pedido de escusa de responsabilidade”.
A decisão é fundamentada no manifesto com a necessidade de “defesa do SNS, do CHULC e da qualidade dos serviços prestados aos doentes”. Mas também da própria formação: “Adicionalmente, é uma ameaça à qualidade formativa que sempre caracterizou o CHULC, comprometendo a atividade programada (enfermaria, consulta, bloco operatório, hospital de dia) em prol da atividade em Urgência e a reputação desta instituição, tanto a nível da formação que proporciona, como ao nível da excelência dos cuidados que presta.”
Os médicos pedem aos gestores hospitalares que tratem do problema e propõem um tratamento. Defendem a valorização das carreiras (como a atualização dos vencimentos), a contratação de especialistas e a melhoria das condições de trabalho (infraestruturas e recursos materiais, flexibilização de horários, apoio à formação e atualização científica, modernização dos recursos informáticos, entre outros).
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