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Mais de cem mutilações genitais femininas detetadas em Portugal até julho: são quase tantas como em todo o ano passado

Esmeralda Barbosa, médica ginecologista, e as enfermeiras Débora Almeida (à direita) e Khatidja Amirali (à esquerda) fazem parte da equipa do hospital Amadora Sintra que tem detetado cerca de metade dos casos de mutilação genital feminina em Portugal.
Esmeralda Barbosa, médica ginecologista, e as enfermeiras Débora Almeida (à direita) e Khatidja Amirali (à esquerda) fazem parte da equipa do hospital Amadora Sintra que tem detetado cerca de metade dos casos de mutilação genital feminina em Portugal.
NUNO BOTELHO
Até julho deste ano foram identificados pela equipa de sinalização do Hospital Amadora Sintra quase tantas mutilações genitais quanto em cada um dos anos anteriores. Mas tal pode não significar um aumento de casos, apenas uma melhor capacidade de os descobrir

Um caso recente marcou as enfermeiras Débora Almeida e Khatidja Amirali. Uma senhora, grávida, já mãe de uma menina a quem tinha ordenado que se fizesse mutilação genital feminina, “deu a entender que a filha ainda por nascer também seria submetida a esta prática, como uma tradição para que fosse socialmente aceite”.

Mesmo sob a abordagem das enfermeiras da equipa de sinalização da Mutilação Genital Feminina (MGF) do Hospital Amadora Sintra – a de que a prática é crime, a prática não é aceite nem poderá ser vista assim, como simples prática – a mulher continuou a encará-la como obrigatória.

A maioria das mulheres compreende a significância das palavras das enfermeiras. Não se recordam quando foram submetidas ao ‘corte’, lembram-se apenas de serem crianças. Mas em adultas sabem que tal não deveria ter acontecido.

São sobretudo oriundas da Guiné-Bissau e da Guiné-Conacri, mas também há mulheres e meninas com origens no Senegal, na Gâmbia, na Nigéria e em Cabo-Verde. Assim, por ordem de número de casos “diagnosticados” de corte deliberado da genitália feminina, que inclui uma parte ou a totalidade dos lábios e do clítoris, órgão cuja única função é dar prazer.

Desde 2017 que o hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, ou Amadora Sintra, é como que o ‘hospital sentinela’ para a deteção destes casos em Portugal, por ter uma grande maternidade e pela multiculturalidade dos utentes que recebe.

Em 2022, até julho, foram identificadas 52 meninas e mulheres excisadas, com idades entre os três os 48 anos.

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