Sociedade

“Viver a vida é espetacularmente espetacular”: estas crianças têm uma lição para nos ensinar sobre o que é a inclusão

13 agosto 2022 18:36

Marta Gonçalves

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Jornalista

Ana Baião

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Fotojornalista

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São 26 crianças — a muitas delas já foi dada sentença de morte — que por duas semanas se separam dos pais e vão dormir em tendas e mergulhar na piscina da colónia Dom Maior, onde, além de brincadeira, “há verdadeiramente inclusão”

13 agosto 2022 18:36

Marta Gonçalves

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Ana Baião

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“O quê? Não percebi.” A rapariga alta, colar dourado ao pescoço e saia de ganga, com o olhar focado no nada, parece confusa. “Sou eu e o Dinis”, insiste a menina mais pequena, de longos cabelos ondulados castanhos, enquanto lhe agarra nas mãos e as guia até ao peito. Quando os dedos tocam no estampado da t-shirt amarela, continua: “Aqui está o Dinis e aqui estou eu.” Geralda tem 15 anos e é cega. Laura tem oito e uma sensibilidade fora do normal para lidar com a diferença. “Ah! Já estou a ver.”

As duas são parte do grupo de 26 crianças e jovens que integram a colónia de férias Dom Maior, uma quinzena de atividades organizada pela associação que lhe dá nome. Qualquer sócio que ao longo do ano tenha acompanhamento terapêutico nesta organização sem fins lucrativos pode inscrever-se gratuitamente. Depois são aceites irmãos, primos ou amigos dos sócios. “É importante que estes outros meninos que são conhecidos ou familiares também venham, porque não queremos aqui só crianças com deficiência, queremos inclusão. É importante que quem tem deficiência aprenda com quem não tem, e vice-versa. É um dar e receber”, diz Sofia Terceira, coordenadora da colónia, cofundadora da Dom Maior e mãe da Laura, do Dinis, de 14 anos e com uma doença neurológica rara, e de Gonçalo, de 23 anos, que é um dos monitores voluntários no campo de férias.