Mais de mil médicos apresentaram escusa de responsabilidades
“Não há condições mínimas de segurança e de qualidade para que os médicos possam exercer as suas funções”, diz o bastonário da Ordem dos Médicos
O número de escusas de responsabilidade enviadas à Ordem dos Médicos aumentou significativamente este ano. No total, foram registadas, segundo a recolha do "Diário de Notícias” junto das secções do Sul e Ilhas, Norte e Centro, quase 900 declarações, envolvendo mais de mil médicos. Se tal "está a acontecer é porque os médicos atingiram um limite”, diz o bastonário dos médicos, Miguel Guimarães.
O número de escusas registadas, desde o início de 2022 e esta terça-feira (dia 9 de agosto), é de 814. Deste total, 347 respeitam as unidades hospitalares e de cuidados primários da Secção Sul e Ilhas, 237 da Secção Norte e 230 da Secção Centro. No caso do Sul, as 347 declarações foram assinadas por 562 médicos, nas restantes secções o número não foi divulgado.
“Portugal está a viver uma situação quase inédita", realça o bastonário. "Se há tantas escusas de responsabilidade é porque não há condições mínimas de segurança e de qualidade para que os médicos possam exercer as suas funções. E os médicos portugueses são dos que assumem, de facto, o que fazem. Entre o não fazer um turno de urgência com uma equipa mínima e o apresentar uma escusa, o médico prefere trabalhar, sofrer, muitas vezes durante as 12 ou as 24 horas, e depois denunciar a situação. Se não fizesse o turno, seriam os doentes a sofrer com a situação".
Por outro lado, o “Jornal de Notícias" avança outro número: os hospitais de Gaia, Baixo Vouga, Baixo Vouga, Barreiro-Montijo, Coimbra, Garcia da Horta, Santarém, Matosinhos e Médio Tejo já garantiram a contratação de 69 médicos especialistas para reforçar as equipas. Nos centros hospitalares de Lisboa Norte e Centro há processos de recrutamento em curso.
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