Falta apoio psicológico nas faculdades

Psicólogos querem que existência de apoio seja considerada um critério de avaliação das instituições
Psicólogos querem que existência de apoio seja considerada um critério de avaliação das instituições
Os serviços de apoio psicológico das faculdades receberam 3671 pedidos em maio e junho de 2020 (em 2019, em período homólogo, foram 3659). O aumento é pouco significativo, o que poderá estar relacionado com o acesso aos serviços. “Havia alunos que não queriam ser acompanhados à distância” por questões de privacidade, explica Graça Andrade, presidente da Rede de Serviços de Apoio Psicológico no Ensino Superior, que realizou um estudo em que participaram 16 serviços. Os atendimentos individuais aumentaram 15% — só em dois meses foram realizados 5759. A maioria dos pedidos foi para situações de ansiedade, stresse e burnout.
São apontadas razões como a dimensão variável das instituições e as diferenças ao nível da atuação, com faculdades mais vocacionadas para a prevenção. As diferenças no rácio alunos/psicólogos também podem explicar as discrepâncias. Segundo o estudo, “a capacidade de resposta durante a pandemia foi claramente maior nas instituições com mais psicólogos”.
Na origem dessas situações podem estar “constrangimentos financeiros”, mas também “alguma desvalorização do impacto da saúde mental no sucesso académico e futuro profissional”, aponta o estudo. Graça Andrade explica que a existência destes serviços “depende da motivação das direções. Há instituições que dinamizam muito este apoio e outras para as quais não é uma prioridade”. Daí ser “urgente” que a existência destes serviços seja considerada um critério na avaliação das instituições.
O estudo refere apenas que o rácio de psicólogos por estudante é, “regra geral, muito inferior ao aconselhado” pela Ordem dos Psicólogos: um psicólogo para 500 alunos. Segundo dados recolhidos pelo Expresso, há três psicólogas para cerca de 11 mil estudantes no Instituto Politécnico de Coimbra. Na Faculdade de Ciências e Tecnologia (Universidade Nova de Lisboa) são duas para cerca de 8500 alunos e na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, também em Lisboa, é “uma psicóloga e meia” para perto de cinco mil. No total, trabalham cerca de 100 psicólogos nas faculdades, segundo dados da Ordem.
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